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Samaras confirma coalizão e Grécia tem novo governo

Primeiro-ministro tem apoio do Partido Socialista (Pasok) e da Esquerda Democrática (Dimar)

Por ANDREI NETTO , CORRESPONDENTE e PARIS
Atualização:

Antonis Samaras, 61 anos, tornou-se ontem o novo primeiro-ministro da Grécia, três dias após seu partido, o conservador Nova Democracia, obter a maioria dos assentos nas eleições parlamentares. A ascensão ao poder, confirmada pelo presidente Carolos Papoulias e abençoada pelos líderes da Igreja Católica Ortodoxa Grega, foi possível porque um governo de coalizão foi firmado com o apoio de duas legendas de esquerda moderada. Segundo o líder de uma delas, o primeiro objetivo do novo premiê será a "grande batalha" da renegociação do resgate de fevereiro.A formalização da aliança foi informada na tarde de ontem pelo ex-ministro da Economia Evangelos Venizelos, líder do Partido Socialista (Pasok), o segundo mais importante da coalizão - que contará ainda com a participação da Esquerda Democrática (Dimar). Juntos, os três partidos terão 179 deputados no Parlamento, 28 acima do limite mínimo para governar. Horas depois do anúncio, Samaras foi submetido aos rituais do poder, recebendo o cargo do primeiro-ministro interino, Panayiotis Pikrammenos, e passando a seguir pela posse e pelo sermão diante do presidente e de líderes religiosos. Em seu pronunciamento, o primeiro-ministro afirmou que a prioridade será restabelecer o crescimento no país - e mais uma vez evitou empregar a palavra "austeridade"."Com a ajuda de Deus, nós vamos fazer todo o necessário para tirar o país da crise. Amanhã, vou pedir ao governo que trabalhe com urgência para dar esperança tangível ao povo da Grécia", disse Samaras, que definiu o momento do país como "crucial".Apesar da posse, a equipe de governo ainda não foi definida e deve ser conhecida hoje. Para o Ministério das Finanças, o nome mais ventilado é o de Vassilis Rapanos, atual presidente do Banco Nacional da Grécia, maior banco comercial do país. Se for de fato nomeado, Rapanos deve participar hoje da reunião do fórum de ministros de Finanças da zona do euro, o Eurogrupo.Ironicamente, o banqueiro dirigia o Conselho de Experts do Ministério das Finanças quando a Grécia entrou na zona do euro, em 2001. Na época, as contas públicas do país foram maquiadas por uma venda de bônus organizada com o apoio do banco americano Goldman Sachs, que mascarou US$ 15 bilhões em déficit. O governo era dirigido pelo mesmo partido que volta ao poder, a Nova Democracia.Enquanto o ministro se reúne com seus colegas, Samaras será recebido nos próximos dias em Berlim pela chanceler da Alemanha, Angela Merkel. Seu primeiro compromisso multilateral será a cúpula do Conselho Europeu de 28 e 29 de junho, quando a crise será, mais uma vez, o centro das atenções. Segundo Venizelos, o primeiro objetivo de Samaras será se lançar "à grande batalha para revisar o acordo de empréstimo" de € 130 bilhões, firmado em fevereiro com a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional (FMI).

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