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Samsung diz a Lula que espera fim da guerra fiscal

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ouviu do principal executivo da Samsung Eletronics, o vice-presidente Yun Jong-Yong, quatro advertências para que as empresas da marca coreana possam iniciar o esperado ciclo de investimentos no Brasil. Jong-Yong alertou para a necessidade do fim da guerra fiscal entre os Estados; do alinhamento dos incentivos fiscais brasileiros aos dos outros países; da diminuição da burocracia; e da estabilidade "das regras do jogo". O presidente brasileiro escutou as advertências, mas não fugiu do roteiro para respondê-las, e fixou-se na leitura do discurso que defendia a criação de um projeto de desenvolvimento comum e a ousadia nas relações entre a Coréia e o Brasil. "O Brasil representa seguramente uma enorme oportunidade de investimento para os capitais coreanos", afirmou, ao encerrar o seminário Brasil-Coréia: Oportunidades de Comércio e Investimento. "Convidamos empreendedores coreanos a realizar investimentos diretos no Brasil, inclusive mediante parcerias, e também os empresários brasileiros a investir na Coréia", insistiu o presidente Lula, pouco depois de assistir à cerimônia de assinatura de sete contratos entre empresas e instituições coreanas e brasileiras. Durante sua exposição, o presidente mencionou como prioridade nos negócios bilaterais as áreas espacial, a biotecnologia, a eletrônica e a tecnologia limpa. Mais especificamente, lembrou o interesse brasileiro nos investimentos coreanos em mineração, na produção de etanol e em grandes obras de dos setores de energia e de transportes, assim como os projetos de infra-estrutura que fazem parte do plano de integração física da América do Sul. "Contamos com o apoio do Banco Coreano de Desenvolvimento para viabilizar o financiamento de alguns desses projetos", afirmou, para logo em seguida lembrar que o programa das Parcerias Público-Privadas (PPP) seria também uma alternativa. Lula acentuou a estabilidade macroeconômica no País e sua avaliação de que seu governo lançou as bases para "um novo ciclo de investimentos", apoiado nos indicadores mais favoráveis na última década e das reformas realizadas. Entre os números, mencionou o objetivo de manter o ritmo de crescimento da atividade econômica registrado em 2004, de 5,2%. Desde 2003, enfatizou ele, foram criados 2,7 milhões de postos de trabalho, e o comércio exterior vem apresentando "resultados animadores". "A economia brasileira vive um momento especial. Ingressamos em um processo de crescimento duradouro, com inflação sob controle e uma base sólida para os investimentos. As medidas tomadas ao longo dos dois primeiros anos de meu mandato exigiram sacrifício de todos os setores da população. Agora, estamos colhendo os frutos da nossa força de vontade", afirmou. "Tudo isso demonstra que é possível alcançar crescimento econômico sustentável sem prejuízo da estabilidade monetária e da responsabilidade fiscal, tampouco descuidando do resgate da nossa enorme dívida social", completou. O encerramento do seminário marcou o fato de o governo não ter conseguido convencer a siderúrgica coreana Posco a investir no Maranhão, conforme era previsto no início da semana. A empresa assinou com a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) apenas uma ementa ao acordo anterior, que previa o investimento. Titubeando entre o Brasil e a Índia, a Posco decidiu apenas estudar a viabilidade de estabelecer uma parceria com a Vale no Maranhão para produzir até 7,5 milhões de toneladas de placas de aço ao ano, animada pelas regras de incentivo fiscal da chamada MP do Bem - ainda não concluída pelo governo federal. Ambas as empresas também decidiram apenas avaliar a expansão da parceria Kobrasco, em Vitória (ES), para que aumente sua produção de 4,5 milhões de toneladas de pelotas de ferro para 6 milhões de toneladas. Nenhum martelo foi batido nessa área. De concreto, o presidente Lula assistiu apenas à assinatura do acordo entre a Eletrobras e a Korea Electric Power Corporation (Kepco) para o investimento de US$ 1,5 bilhão em projetos no setor energético nos próximos anos.

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