“Meus clientes não estavam tendo dinheiro para me pagar”, conta o piloto de 24 anos, que voava para um advogado. “Depois das eleições, veio a devastação.” Os pequenos empresários, afirma, logo cortaram custos, e os voos minguaram.
Assim que chegou aos EUA, Wesley, formado pela PUC-GO havia um ano e meio, conseguiu um emprego na cozinha de um restaurante, lavando louças: 30 dias por mês, 12 horas por dia.
Porém, o jovem de Minaçu (GO) ficou aliviado ao perceber que poderia se manter em Boston e ainda pagar o que resta do financiamento de seu curso superior, já que o bacharelado em Ciências Aeronáuticas foi 100% bancado pelo Financiamento Estudantil (Fies). “Sem exigência de qualificação, já estava ganhando praticamente o que eu ganhava aí no Brasil formado”, afirma Morais sobre o primeiro trabalho nos EUA.
Em cerca de seis meses, Wesley viu seu salário engordar bastante. Agora, quase um ano depois, trabalha em uma oficina que personaliza caminhões clássicos. Ele também encontra tempo para um curso técnico de carpintaria. O piloto comercial, que envia dinheiro para a família todo mês, almeja um emprego na construção civil.
Sem folgas, não reclama de cansaço: “São cinco anos de atraso”, afirma, referindo-se ao período em que ficou estudando e fazendo cursos. “Não dá para descansar, mas não pode ficar parado. Ninguém espera por ninguém aqui.”