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‘São Paulo não pode incentivar a guerra fiscal’

Secretária diz que Estado está trabalhando na criação de um ambiente de negócios favorável para atrair investimentos

Foto do author Márcia De Chiara
Por Márcia De Chiara
Atualização:

A secretária de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo, Patrícia Ellen da Silva, é contra o uso da guerra fiscal para atrair investimentos. Ela diz que sua pasta vem atuando na criação de um ambiente de negócios mais favorável para atrair os investidores.

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O ponto alto dessa estratégia, diz ela, foi o reconhecimento da vocação de 12 polos regionais de produção já existentes no Estado. A secretária conta que os resultados já aparecem no volume de investimentos e no PIB de São Paulo.

Apesar dos resultados favoráveis, o Estado foi muito afetado pelos cortes de recursos do governo federal nas áreas de ciência e tecnologia. A alternativa foi buscar um modelo de captação privada para complementar os recursos. A seguir, trechos da entrevista.

Patrícia Ellen, secretária de Desenvolimento Econômico do governo João Dória em São Paulo Foto: Taba Benedicto/Estadão

O que está sendo feito para atrair investimentos para o Estado de São Paulo no momento em que a economia patina?

Por mais que a gente esteja saindo de uma crise econômica, sabemos que o investidor está sempre procurando oportunidades. Se for pensar no cenário internacional, o nosso desafio não é acesso a recursos, mas sim bons projetos. Grande parte da essência do trabalho no Estado de São Paulo é mostrar o profissionalismo da gestão, o potencial de investimento no Estado e organizar muito bem essa estratégia. Temos, por um lado, o portfólio nosso de investimentos, PPPs (parcerias público/privadas) e concessões. Por outro, a atração de investimento privado para a região. Fortalecemos a nossa atuação internacional, em busca de acessar o capital estrangeiro. No desenvolvimento econômico, atuamos em três pilares: aumentar o investimento no Estado, fomentar ciência, tecnologia e inovação, fundamentais para a melhoria da produtividade, e conectar o Estado às cadeias produtivas globais, qualificar profissionais

Por que a qualificação é importante?

Dos 461 mil empregos gerados de janeiro a julho no Brasil, 37% foram ocupados por qualificação. Temos vagas ociosas por falta de qualificação. Estamos fazendo um esforço de formar essa mão de obra em função das demandas locais para que eles possam ter uma chance maior de empregabilidade e que os investidores tenham mais produtividade.

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Há resultados concretos?

A projeção de crescimento do PIB para o País em 2019 é de 0,81% e para São Paulo, de 1,3%. São Paulo geralmente tem um desempenho acima do PIB nacional. Mas estamos com mais de 50% acima do nacional, deu uma descolada. A Pesquisa de Investimentos do Estado de São Paulo mostra que o total de investimento anunciado no Estado também descolou: foram quase R$ 75 bilhões em 12 meses até o primeiro trimestre. Estamos acima do histórico. O crescimento foi de R$ 20 bilhões em um trimestre, do quarto trimestre de 2018 para o pimeiro de 2019. O maior descolamento em três anos.

A que a sra. atribui a alta?

A nossa maior política de desenvolvimento econômico foi a criação de 12 polos de desenvolvimento. Na verdade não criamos, reconhecemos setores de maior concentração que já temos hoje no nosso Estado.

Qual a importância dos polos?

Todo mundo que pensa no cluster médico nos Estados Unidos sabe que ele está na região de Boston, por exemplo. Você sabe a vocação da região. As coisas não acontecem de forma totalmente aleatória, existe um incentivo direto.

A guerra fiscal é um mecanismo superado para atrair investimento?

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Incentivar a guerra fiscal é muito nocivo e São Paulo não pode fazer isso. A reforma tributária vem num momento muito importante. No médio e longo prazos, vamos ter uma padronização dos tributos e a guerra fiscal tende a acabar. No curto prazo, é preciso fazer um trabalho. Existem incentivos para regiões específicas, mas, na medida do possível, eles têm de ser cada vez menos focados na empresa. Têm de ser políticas mais transversais.

Como é o relacionamento com o governo federal?

Hoje temos obstáculos orçamentários significativos. Na minha pasta, o que posso dizer é que esse tem sido um ponto importante. São Paulo teve um impacto grande dos cortes de ciência e tecnologia, as bolsas, e isso está sendo redefinido agora. Mas o Estado de São Paulo não retirou nenhum real do investimento em ciência e tecnologia. O que é recurso nosso, não só mantivemos como estamos trabalhando um modelo de captação privada para complementar o nosso recurso com investimentos privados internacionais. As missões internacionais têm sido muito importantes até para atrair investimentos para as PPPs e concessões. São Paulo é um Estado grande e tivemos impacto na pesquisa. Em geral, o nosso dia a dia com o Ministério da Economia tem sido muito bom, atuamos diretamente com algumas secretarias especiais. Estamos conseguindo interlocução. Vamos ver quanto conseguimos de verba federal para financiamento e cofinanciamento de nossos projetos, desde programas de microcrédito, de infraestrutura em diversas pastas. Estamos esperando o desdobramento nos próximos meses.

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