27 de outubro de 2013 | 02h26
A principal aplicação da saúde móvel, também chamada de m-health, é o monitoramento de pacientes com doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e bronquite. Um medidor de glicose pode ser ligado ao tablet ou celular, que envia um aviso ao médico caso a medição fique fora do esperado. Aparelhos como balanças e medidores de pressão e oxigênio também funcionam desse jeito, conectados.
Um aplicativo instalado no smartphone do paciente é capaz de lembrá-lo de tomar remédio, medir pressão ou praticar atividade física. Tecnologias simples, como mensagens de texto, podem ser usadas para disparar lembretes aos pacientes, avisando-os, por exemplo, da consulta ou do exame marcado.
Na semana passada, participei de um painel sobre saúde móvel na Futurecom, evento sobre telecomunicações que aconteceu no Rio. Valter Wolf, diretor da GSM Association, afirmou que a adoção de tecnologias móveis na saúde poderia ampliar o atendimento para mais de 28 milhões de pacientes no Brasil até 2017. Os beneficiados seriam principalmente os mais pobres e os portadores de doenças crônicas.
Com isso, seria possível economizar US$ 17,9 bilhões. Se não forem tomadas medidas para incentivar a saúde móvel, no entanto, os beneficiados seriam somente 3 milhões, e o retorno financeiro ficaria em US$ 1,5 bilhão.
A GSMA é uma associação que reúne operadoras de telecomunicações. Elas têm grande interesse em desenvolver esse mercado. A Telefônica, por exemplo, comprou em fevereiro a Axismed, empresa brasileira de monitoração e atendimento remoto de pacientes.
As operadoras precisam aumentar os investimentos para ampliar a capacidade de suas redes, e não têm conseguido contrapartida necessária em aumento de receita. Por isso, querem estender sua atuação a outros tipos de serviços. É o caso da saúde móvel.
Existem várias barreiras a serem vencidas para o seu crescimento no Brasil. Atualmente, médicos não podem prescrever medicamentos sem consulta presencial. Além disso, o sistema brasileiro incentiva tratamentos individuais e prescrição de remédios no lugar de cuidados preventivos contínuos. É preciso ainda definir padrões de interoperabilidade para as soluções nessa área.
Ironicamente, a própria deficiência dos serviços de telecomunicações pode ser uma barreira à saúde móvel, principalmente em comunidades remotas e de baixa renda.
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