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Sauer deixa cargo com críticas a Collor e FHC

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Por Redação
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Conhecido por declarações polêmicas e ácidas críticas aos governos anteriores, Ildo Sauer deixou a diretoria de gás e energia da Petrobrás atirando contra a "reforma liberal" promovida por Fernando Collor de Mello e Fernando Henrique Cardoso no setor energético. Nem mesmo a atual gestão escapou das críticas do engenheiro e professor da USP que, na carta aos "companheiros e amigos da Petrobrás" e distribuída à imprensa, destacou o interesse político que cerca os negócios de petróleo no País. "Todos sabemos que o setor de petróleo é um campo de dramáticas disputas econômicas e políticas. Nessa arena, o gás natural, nas últimas décadas, cresceu enormemente de importância", escreveu ele na carta. Na sua opinião, os governos Collor e Fernando Henrique sucumbiram a essas disputas ao permitir que "a Petrobrás fosse um sócio menor numa partilha dos recursos naturais da Bolívia a ser realizada pelas grandes petroleiras, empresas de gás e fabricantes de equipamentos para geração termoelétrica". Na extensa carta, de 70 linhas, Sauer discorreu sobre as dificuldades que encontrou na Petrobrás e os avanços que considerou ter obtido na área de gás depois do que classificou como "desmantelamento de um dos maiores patrimônios do País e do povo brasileiro: o seu sistema de geração hidrelétrica nacionalmente interligado". "O fracasso da reforma liberal não diminuiu a força e o empenho dos interesses que a tinham elaborado. (...) O governo acabou cedendo às pressões. E estimo que os prejuízos para as estatais e para os pequenos e médios consumidores de energia elétrica do País decorrentes dessa decisão estejam na casa dos R$ 10 bilhões", afirmou. Ildo Sauer insinua ter resistido a pressões e declara ter formado "com vários companheiros", em sua área de atuação na estatal, uma estrutura de gestão que "livrou o setor de um vício que sempre ronda os dirigentes das empresas públicas: o de serem despachantes de interesses de minorias poderosas".

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