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Schwartzman: é a inflação e não a crise que afeta juros no Brasil

Por Sonia Racy
Atualização:

Propositalmente ou não, as iniciativas para ajudar os proprietários de residências com hipotecas em risco de execução a manterem suas casas, anunciadas ontem pelo presidente George Bush, acabaram absorvendo um provável impacto negativo das declarações de Ben Bernanke, do Fed. O presidente do Fed deixou claro, mais uma vez, que a decisão do dia 18, do Fomc, estará estritamente relacionada aos dados que serão divulgados sobre a economia do país, tentando, assim, evitar o famigerado "moral hazard". Afinal, o Fed socorreu os mercados em 87 e em 2001 e, se houvesse agora uma terceira vez, ninguém teria mais dúvidas de que o Fed é pai. Para o ex-BC Alexandre Schwartzman, do ABN-Amro, o Fed só vai reagir se tiver sinais de que a economia americana está perdendo fôlego por conta do problema específico gerado pela crise dos subprimes. "Não é papel do Fed proteger quem emprestou e quem investiu e sim o desenvolvimento da economia real", frisa. Schwartzman lembra que em um artigo escrito em 2001, Bernanke destacou que mudanças nos preços de ativos só devem afetar a política monetária na proporção em que afetarem as projeções de inflação do BC. "Ontem ele repetiu isto de outra maneira." Portanto, a próxima decisão do Fomc se dará em conseqüência dos números da atividade econômica nas próximas três semanas. Mas estes dados já vão espelhar a crise dos subprimes? "Não, grande parte dos números foi coletada na pré-crise, com exceção da criação de emprego em agosto que, tipicamente, é a última que reage", explica o economista. No entanto, o Beige Book tem importância enorme, segundo Schwartzman. "Ele é uma tentativa do Fed de captar como está a atividade econômica onde o Fed está localizado e estes números vão captar alguma coisa da crise na margem." Qual será o quadro dos mercados financeiros ante esta atuação do Fed? Tem gente que vai quebrar? "Por conta da diluição do risco e da pulverização, os mercados têm condições de absorver os prejuízos. Na contrapartida, temos hoje menos transparência, já que não se conhecem os preços de mercado destes papéis e, portanto, o processo será lento." Diferentemente do que aconteceu em outras crises quando os prejuízos foram explicitados, provisionados e pronto. Quais serão os reflexos na política monetária brasileira? "No meu ver, nenhum. Não dá para construir um quadro de que a crise está forçando mudança de política, com um dólar a R$ 1,96. Na última reunião do Copom, estava a R$ 1,95", compara. A preocupação de Schwartzman, em relação à política monetária, é outra. "O BC vai desacelerar porque a inflação está vindo mais forte e é uma inflação de demanda. Não se trata de choque de oferta já que a safra está crescendo e muito." Para Schwartzman, o BC deve reduzir 0,25 ponto porcentual na próxima reunião do Copom e, depois, parar. E se ele parar agora? "Dará um atestado de incompetência." IMPRESSÃO DIGITAL Na conversa com usineiros, ontem, em Brasília, o presidente Lula e a ministra Dilma Rousseff deixaram claro que não é intenção do governo controlar o setor com o projeto de lei enviado ao Congresso e, sim, garantir o abastecimento interno de álcool. Isto posto, segundo o usineiro Maurílio Biagi, foi criado um grupo de trabalho entre governo e usineiros para, em curto período, apresentar uma proposta de regulação mínima. E, segundo Marcos Jank, da Unica, bateu-se muito na tecla de que etanol não é petróleo, apesar de ambos serem combustíveis fiscalizados pela ANP. E que a cana-de-açúcar é uma commodity que tem preços voláteis. NA FRENTE SINAIS DE ARREFECIMENTO O leite foi mais uma vez um dos principais vilões da inflação de agosto. Mesmo com um aumento de produção, o preço médio do leite subiu 11,85% no mês em relação a julho. Mas, segundo pesquisa realizada pelo Cepea/Esalq, a tendência começa a mudar. No mês passado, 95% dos agentes de mercado consultados acreditavam em elevações. Este mês, o porcentual caiu para 61%. E até apareceu 1% apostando em queda. QUEM VEM Jeff Brennan, vice-presidente mundial da empresa global Altair Engineering, desembarca no Brasil na segunda semana de setembro. Entre outras, ele vem lançar a versão 9.0 da família HyperWorks. OLHOS ABERTOS Nidal Sukhtian, presidente do grupo jordaniano Munir Sukhtian, que fatura US$ 370 milhões por ano, andou pelo Brasil em busca de parceiros comerciais, segundo registro da Câmara Árabe. Primeiro, pretende introduzir no País cosméticos e itens de higiene pessoal que fabrica. Num segundo momento, tem planos de investir no País. TECNO FOCADOS O Ibope fez, no fim de julho, 537 entrevistas com executivos de 381 grandes empresas brasileiras e constatou, entre outras coisas, que, até 2010, os principais investimentos das empresas entrevistadas estarão voltados para tecnologia (62%) e desenvolvimento de produtos (60%). Treinamento pessoal e responsabilidade social também recebem estimativas expressivas, respectivamente 47% e 41%. Já preservação ambiental é mencionada por apenas 25% dos pesquisados. FERVENDO Enquanto a BM&F e a Bovespa preparam sua desmutualização, os negócios entre bolsas no mundo continuam aquecidos. Circulam notícias de que a Bolsa de Dubai e o Nasdaq Stock Market se mantêm na disputa pela OMX, operadora das bolsas dos países nórdicos. Já a operadora da bolsa alemã Deutsche Börse está tentando comprar parte dos 31% que o Nasdaq tem na London Stock Exchange. Que também é foco de interesse da Temasek, empresa de investimento do governo de Cingapura. QUEM VEM O jornalista americano Stephen Dubner, do The New York Times, virá ao Brasil em setembro para falar no IBM Fórum. Em pauta, integração da tecnologia. Para quem não se lembra, Dubner é co-autor do best seller Freakonomics.

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