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SDE recomenda ao Cade condenação fabricantes de gases

Cinco empresas, que detêm quase 100% do mercado de gases no País, e oito executivos são acusados de manipular licitações e fixar preço mínimo em produtos

Por Agencia Estado
Atualização:

A Secretaria de Direito Econômico (SDE) do Ministério da Justiça recomendou nesta quinta-feira ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) a condenação das empresas White Martins Gases Industriais, Air Liquide Brasil Ltda, Air Products Brasil Ltda, AGA S/A e Indústria Brasileira de Gases Ltda, e de oito executivos dessas companhias, por formação de cartel na comercialização no País de gases industriais e medicinais. A SDE concluiu uma investigação iniciada em 2004 que, pelo menos desde 2001, as empresas faziam uma divisão do mercado consumidor de gases como oxigênio, hidrogênio, nitrogênio e dióxido de carbono, manipulavam ou fraudavam licitações públicas e concorrências privadas e fixavam preços mínimos dos produtos. Com isso, os técnicos da secretaria definiram o cartel como "extremamente sofisticado e abrangente" que afeta diversos setores da economia. Segundo a secretaria, as cinco empresas são responsáveis por praticamente 100% da produção de todos esses gases no Brasil, considerados essenciais em diversos setores da economia como hospitais, fabricação de soldas, metalurgia, indústria química e de alimentos. Por causa da "completa ausência de colaboração" das empresas durante a investigação e pela "essencialidade" dos produtos oferecidos, a secretária de Direito Econômico, Mariana Tavares de Araújo, recomendou em seu parecer que o Cade aplique multas "exemplares" na punição do cartel. Em caso de condenação pelo Cade, as multas podem variar de 1% a 30% do faturamento bruto anual das empresas. As pessoas físicas citadas estarão sujeitas a multa equivalente a um porcentual que varia de 10% a 50% do valor imposto como punição às empresas. A SDE e o Ministério Público Federal (MPF) de São Paulo realizaram operação de busca e apreensão nas sedes das companhias, com autorização judicial, no início de 2004 e recolheram um amplo material com documentos, tabelas e mensagens eletrônicas que ajudaram os técnicos do governo a concluir pela existência do cartel. O MPF paulista denunciou as companhias à Justiça para que haja uma investigação criminal. A denúncia está na 15ª Vara Criminal de São Paulo. A SDE não comentou especificamente as provas recolhidas por causa do sigilo de Justiça do processo criminal. A decisão de envio do parecer da SDE ao Cade foi publicada nesta quinta-feira no Diário Oficial da União.

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