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Se aceitarem condições de socorro, Azul, Gol e Latam poderão receber os recursos em junho

A ideia é que o BNDES compre 60% dos títulos, os bancos garantam mais 10% e os 30% restantes sejam diluídos entre os investidores privados

Por Fernanda Guimarães/SÃO PAULO e Vinicius Neder/RIO
Atualização:

O pacote de socorro às companhias aéreas, que deverá ficar entre R$ 4 bilhões e R$ 7 bilhões, poderá chegar ao caixa das empresas a partir de junho, caso aceitem as condições desenhadas por um sindicato de bancos coordenado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e as operações financeiras tenham sucesso no mercado, disseram fontes que acompanham as negociações e pediram para não se identificar.

As condições do apoio já foram definidas e ofícios com detalhes sobre eles deverão ser enviados para a Azul, Gol e Latam. O sucesso do socorro depende ainda da participação de investidores de mercado, visto que o BNDES já informou que não colocará todo o valor sozinho. Procurado, o banco de fomento informou que não comentaria o assunto.

A diluição dos acionistas foi o ponto de maior embate do projeto de socorro. Foto: Felipe Rau/Estadão

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Depois que receberem o ofício, as companhias deverão responder, ainda esta semana, se aceitam os termos propostos pelas instituições financeiras. "As empresas têm de oferecer um instrumento de liquidez que seja aceito pelo BNDES e credores", explicou uma fonte, na condição de anonimato. Depois disso, os termos passarão pelo crivo do comitê de crédito de cada instituição financeira.

A entrada de recursos no caixa das empresas é apontada como fundamental para que as aéreas tenham fôlego para atravessar a crise que emergiu com a pandemia da covid-19, que deixou grande parte das aeronaves no chão, minguando as receitas das empresas. Nos Estados Unidos, por exemplo, a Avianca Holding pediu recuperação judicial por conta dos efeitos da pandemia - pedido já aceito pela Justiça americana.

O pacote de socorro às companhias aéreas será feito via operações de mercado. Conforme mostrou o Estadão/Broadcast, as empresas apoiadas farão emissões de títulos de dívida, tanto debêntures tradicionais quanto bônus conversíveis em ações - uma versão brasileira das "stock purchase warrants", ou seja, uma espécie de opção de compra de ações a um preço predeterminado. A ideia é que o BNDES garanta a compra de 60% dos títulos, os bancos garantam mais 10% e os 30% restantes fiquem com investidores privados.

Incertezas

Esse desenho servirá de modelo para o socorro a outros setores cujas principais empresas estejam na B3, como o varejo não-alimentício e a Embraer, que já tem negociações correndo em paralelo. No caso das companhias aéreas, as ofertas seriam 75% em debêntures e o restante em bônus conversíveis em ações, o que deverá levar a uma diluição dos atuais acionistas das aéreas para 25%, ante os 30% desejados pelo BNDES inicialmente, mas bem acima do proposto pelas empresas, de 15% - como consequência, este foi item do pacote de ajuda que mais gerou embate entre as empresas e os bancos durante as últimas semanas de discussão.

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Um investidor de fundo de crédito disse que, neste momento, é muito difícil colocar um preço nesses papéis diante do tamanho das incertezas que envolvem o setor e lembrou que mesmo os títulos de dívida de empresas de alta qualidade estão com preços ainda "disfuncionais", dada o elevado pedido de resgates desses fundos desde que foi decretada a pandemia.Caso falte apetite dos investidores pelas ofertas de títulos, em meio a turbulências nos mercados, o pacote de socorro “vai depender das negociações que vão se desenrolar daqui para a frente”, disse uma das fontes.

Entre as companhias aéreas, o caso que vinha sendo olhado com mais cuidado é o da Latam, que é sediada no Chile, e possui seus negócios divididos também entre Brasil e Colômbia. O desafio seria trazer segurança em relação às garantias que poderiam ser dadas aos bancos.