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Se banco não emprestar, BC tomará dinheiro de volta, diz Lula

'Ninguém pode dizer que está faltando dinheiro no Brasil para financiar quem quiser tomar emprestado'

Por Tania Monteiro e da Agência Estado
Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ameaçou nesta quarta-feira, 15, punir os bancos que receberam dinheiro do compulsório e não estejam repassando esse dinheiro na forma de empréstimos. A uma pergunta de um jornalista, em entrevista em Nova Délhi, sobre o que o governo fará com bancos que estariam "segurando" os recursos, o presidente respondeu: "O Banco Central vai ter que tomar uma atitude e tomar o dinheiro de volta, pegar o compulsório outra vez, porque o Banco Central só vai liberar o dinheiro (do compulsório) na medida em que houver a concessão dos empréstimos."   Veja também: Na Índia, Lula defende união mundial contra crise financeira Consultor responde a dúvidas sobre crise   Como o mundo reage à crise  Entenda a disparada do dólar e seus efeitos Especialistas dão dicas de como agir no meio da crise A cronologia da crise financeira  Dicionário da crise    O presidente insistiu que foram colocados à disposição do sistema financeiro R$ 100 bilhões. "Temos que garantir liquidez para que, se a pessoa for ao banco pegar dinheiro, o dinheiro esteja lá para ela tomar o empréstimo."   Ante a insistência de um repórter na afirmação de que os bancos estão "escondendo" o dinheiro, o presidente reagiu: "Não podem esconder. O Banco Central vai acompanhar isso. O dinheiro disponibilizado pelo Banco Central é o compulsório remunerado e, portanto, é a uma taxa de mercado. Ninguém pode dizer que está faltando dinheiro no Brasil para financiar quem quiser tomar dinheiro emprestado."   Empresas   O presidente afirmou não ter conhecimento do número de empresas brasileiras que estão enfrentando problemas por causa da alta do dólar. "Todas as empresas que apostaram dinheiro e perderam têm de arcar com as suas responsabilidades. O Brasil está disposto a criar condições para emprestar dinheiro pela lógica do mercado", disse.   Assim, ele negou que o governo vá ajudar empresas em dificuldades que não tenham condições de tomar dinheiro emprestado. "O governo não ajudará empresas. O governo emprestará dinheiro, através dos bancos, para quem tiver condições de pegar dinheiro emprestado", afirmou.   Segundo Lula, esses empréstimos poderão ser concedidos através dos bancos brasileiros, "dos quais fazem parte os oficiais". "Quem quiser dinheiro e quiser tomar emprestado, terá emprestado dinheiro", disse.   Lula ressaltou que o governo não vai fazer o que se fazia antigamente, "de baixar um pacote econômico, que baixava uma série de coisas e falhava três meses depois do pacote. Vamos cuidar passo a passo".   Bancos   O presidente voltou a afirmar que não há problemas em bancos grandes no Brasil. "Nos bancos grandes ninguém tem problema. O que nós detectamos eram problemas em bancos de investimentos, pequenos. Foi por isso que nós há algum tempo atrás tomamos as medidas para que os bancos maiores pudessem comprar as carteiras desses bancos menores. Depois, mandamos a medida provisória para poder fazer o redesconto pelo próprio Banco Central para não permitir que os bancos grandes ficassem com a espada na cabeça dos bancos pequenos", disse.   Lula acrescentou que o Banco do Brasil, depois, comprou três carteiras de bancos menores. "Agora, com a MP , quem tiver problema, vai ao BC e faz o redesconto sem nenhum problema", disse.   O presidente afirmou ainda que vê os jornalistas inquietos, perguntando porque a crise não chega logo no Brasil e disse: "ela não chega logo porque o Brasil tem desenvolvimento. Não chega logo porque o Brasil tem contratação de obras públicas para o governo. Não chega logo porque, de US$ 112 bilhões que a Petrobras tem de investir até 2012, calculado ao preço do barril de US$ 35 dólares e não de US$ 85, US$ 104 bilhões são caixa próprio da Petrobras e não é dinheiro emprestado, por isso é que nós estamos com certa tranqüilidade. Porque sabemos que, se tiver uma recessão, ela pode causar problemas ao Brasil, mas ao invés de ficar chorando, nós temos é de aumentar as nossas exportações para a Índia, para a Indonésia, países africanos, para o oriente médio".   Na entrevista, o presidente disse que seu lema passou a ser: "Contra a crise econômica, mais produção, mais mercado interno e novos parceiros. É assim que vamos sair da crise."

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