
26 de junho de 2015 | 02h03
Essa redução de 5% pode ser decomposta em dois componentes: reajuste nominal concedido pelas empresas e desconto da inflação. O primeiro foi de 3,5%, menor nível desde maio de 2004, quando registrou 2,5%. Por sua vez, a inflação foi de 8,6%, maior nível desde dezembro de 2003, quando registrou quase 10%.
Com a inflação dos preços administrados subindo e a dos preços livres (incluído alimentação) ainda em um patamar elevado, a inflação das famílias deve continuar subindo. Com a redução da demanda por trabalho pelas empresas, os reajustes nominais devem minguar cada vez mais. Com isso, não descarto a possibilidade de até o fim do ano a renda real do trabalho apresentar reajuste nominal nulo e, com isso, uma contração igual à taxa inflacionária. Em outras palavras, em algum mês deste ano, a renda real dos trabalhadores pode chegar a uma variação negativa de 9%, valor projetado para a inflação pelo próprio governo.
Além disso, buscar empregos no setor informal não está sendo vantajoso.
Apesar do aumento do desemprego teoricamente estimular a migração para o segmento desregulado da economia, os rendimentos, tanto dos trabalhadores formais como informais (incluído os trabalhadores por conta própria), apresentam redução a taxas similares por causa da inflação - o que mostra que a diferença de renda entre os dois grupos permanece relativamente estável. Isso lembra um famoso ditado (levemente alterado para esse contexto): se correr a inflação pega, se ficar a inflação come.
* Professor e pesquisador - Ibre/FGV
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