Empresas interessadas em participar do leilão reclamam que há falhas nas modelagens Vocês reconhecem isso?
Se você escrever um texto e fizer uma revisão, vai querer melhorar. É assim com um projeto. A partir da audiência, fazemos melhoras. O Tribunal de Contas avalia nossos estudos pelo caráter técnico. Mas o processo não é só técnico. É uma negociação, com pressões de quem quer elevar a margem de ganho. Temos de tomar cuidado. Eu garanto: os investidores dizem que 100% dos estudos têm investimentos subavaliados. E, quem reclama, depois entra e vence com deságio.
A percepção é que vocês trabalham pelo interesse do governo.
A EBP é uma empresa privada, que faz parcerias, não contratos, com governos para viabilizar o interesse público. Na medida em que os projetos são de governo, algumas decisões são de política pública. A EBP não deve, não quer e não pode definir quanto tempo a mala demora para chegar na esteira ou se o padrão da estrada é A ou B, porque isso interfere na relação entre as cidades e as fazendas. Isso é papel do governo. E quando ele decide, só nos resta acatar porque, afinal, é um governo eleito. Fazemos o trabalho técnico. Contamos quantos carros passam na estrada e, dado um PIB definido pelo governo, fazemos a projeção de tráfego.
Vocês sofrem pressão do governo para correr e colocar tudo de pé antes das eleições?
Qualquer governo vai querer viabilizar programas importantes dentro do seu mandato e estabelecer prazos para alcançar essa meta. Mas também não interesse aos acionistas da EBP que olhemos só o curto prazo. Se errarmos na modelagem, é ruim para os acionistas, que são bancos que podem financiar as concessões. /A.S.