PUBLICIDADE

Publicidade

Se eu pagar os R$ 90 bi de precatórios, vou explodir a LRF e cometer crime, diz Guedes

Durante audiência pública na Câmara, o ministro da Economia citou que crime de responsabilidade fiscal "já deu em impeachment" 

Foto do author Thaís Barcellos
Foto do author Eduardo Rodrigues
Por Thaís Barcellos (Broadcast) e Eduardo Rodrigues
Atualização:

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que não tem como pagar os quase R$ 90 bilhões previstos em precatórios (valores devidos após sentença definitiva) em 2022 porque explodiria a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e cometeria, então, um crime de responsabilidade. “Quando o Supremo Tribunal Federal me manda conta de decisões judiciais, não posso entrar no mérito. Mas não posso furar teto e quebrar a LRF”, disse. 

PUBLICIDADE

“Não tenho como pagar os R$ 90 bilhões de precatórios, senão estouro todas as leis. Cometeríamos crime de responsabilidade fiscal, que já deu impeachment”, afirmou.

O ministro vem dizendo que há um “meteoro” de precatórios no ano que vem. Nesta semana, o governo apresentou uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que propõe parcelar parte dos pagamentos e criar um fundo que poderia ser usado com recursos de dividendos de estatais ou de recursos do pré-sal, por exemplo, para quitar essas dívidas.

A equipe do ministro Paulo Guedes quer permitir o pagamento de parte dos precatórios em até dez anos. Foto: Dida Sampaio/Estadão - 13/7/2021

Como mostrou o Estadão, a proposta chegou ao Congresso Nacional crivada por críticas. De um lado, advogados veem trechos que afrontam a Constituição e já foram alvo de debate no Supremo Tribunal Federal (STF). De outro, a Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado, um dos principais órgãos de vigilância das contas públicas, alerta que a medida abre caminho à criação de um “orçamento paralelo” e piora a percepção de risco fiscal sobre o Brasil. 

Guedes citou os precatórios em meio à sua argumentação sobre a falta de recursos para cumprir a Lei 14.172/21, que garante o acesso à internet, com fins educacionais, a alunos e a professores da educação básica pública. A declaração foi dada em audiência pública na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados para prestar esclarecimentos sobre a lei.

O veto do presidente Jair Bolsonaro à lei foi derrubado pelo Congresso Nacional e o governo recorreu ao Supremo argumentando que a norma atrapalharia o cumprimento das regras fiscais. Conforme foi aprovada pelos parlamentares, a lei prevê um repasse de R$ 3,5 bilhões da União para os governos estaduais e prefeituras, com recursos do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust) e o saldo correspondente às metas não cumpridas dos planos gerais de universalização do serviço de telefonia fixa.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.