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Se houver corte, será em custeio, diz Lula a empresários

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Por Leonencio Nossa
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje que poderá reduzir as despesas com custeio da máquina pública. Em reunião com empresários, no Palácio do Planalto, ele reafirmou que fará "o que for possível" para manter o investimento, segundo relato de participantes do encontro. "O investimento é uma prioridade e está garantido. O que podemos fazer eventualmente é reduzir o custeio", disse o presidente, segundo relatos. "Se tiver de mexer, vai ser no custeio e não no investimento", acrescentou. As declarações do presidente foram relatadas pelo presidente da TAM, David Barioni Neto, e pelo presidente da CSN, Benjamin Steinbruch. O executivo da companhia aérea relatou que, no encontro, Lula e os ministros disseram que o governo poderá apresentar pontualmente medidas como desoneração e incentivos. Lula, no encontro, informou aos empresários que trabalhará até no fim de semana para apresentar, ainda este ano ou no início do ano que vem, medidas para garantir a manutenção do emprego. "Tenho consciência, depois de participar dessa reunião, de que é preciso focar no crédito de consumo e no crédito de produção. Esses são os dois problemas", disse o presidente, segundo relato dos participantes. Benjamin Steinbruch disse que o presidente quer apresentar "o mais rapidamente possível" novas medidas. Segundo o empresário, Lula não chegou a pedir para os empresários não demitirem, mas procurou ouvir a visão de cada setor para elaborar medidas para reduzir o impacto da crise mundial na economia brasileira. Na reunião, não se falou em medidas específicas, mas Lula e os ministros tentaram demonstrar que estão atentos. "Os discursos do governo e dos empresários estão alinhados e a sensibilidade do presidente em relação à crise e à percepção dele do futuro", disse o presidente da Gol, Constantino de Oliveira Júnior, que informou que a empresa manterá investimentos de US$ 1,9 bilhão até 2010. "O presidente ressaltou o problema da escassez de crédito tanto para o consumo quanto para a produção", disse. Ainda segundo Constantino, o presidente Lula disse que o Brasil ocupa as melhores posições entre os países e que, tão logo passe a crise, o País terá mais oportunidades. Barioni Neto, da TAM, também demonstrou otimismo. "No geral, todos estão otimistas. As empresas disseram para o presidente que não têm previsão de demitir e estamos conversando com os sindicatos. O que eu mais gostei de ouvir do presidente é que, se tiver que mexer, vai mexer no custeio e não no investimento", disse. A TAM, de acordo com ele, manterá investimentos de US$ 6,9 bilhões até 2018. "Cada setor passou sua leitura da crise. O que é importante é manter o investimento e focar no otimismo", afirmou. Juros Tanto Lula quanto o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ouviram de boa parte dos empresários reclamações sobre a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, em 13,75% ao ano. "Ninguém chorou, mas muitos perguntaram por que não se aproveita o momento para desonerar o investimento", contou o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto. O empresário da CSN relatou que, durante o encontro, o presidente do Banco Central fez uma defesa da política de juros. "Ele disse que, quando puder fazer, fará", relatou Steinbruch, referindo-se à redução da taxa Selic. "Ele disse que é o que mais gostaria de fazer e é o melhor para o BC", acrescentou.

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