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'Se tem uma sociedade avançada vacinando, vou olhar e dizer 'quero essa aí'', diz Guedes

Ministro disse que faz parte do grupo de risco e precisa se proteger, mas defende a vacinação voluntária contra o coronavírus

Por Lorenna Rodrigues e Idiana Tomazelli
Atualização:

BRASÍLIA - Questionado se tomará a vacina contra o coronavírus, o ministro da economia, Paulo Guedes, disse ter direito à privacidade, mas ponderou que faz parte do grupo de risco e precisa se proteger. 

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“Se há uma vacina aí, com duas sociedades extraordinariamente avançadas e civilizadas vacinando, vou olhar e falar 'quero essa aí, rápido'. Já estou exposto esse tempo todo. Já falei até mais do que devia, tinha direito à privacidade”, afirmou.

Os Estados Unidos e o Reino Unido já começaram a vacinar suas populações com o imunizante produzido pelo laboratório Pfizer.

Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro declarou que não tomará a vacina contra o coronavírus. “Eu não vou tomar a vacina. Se alguém acha que a minha vida está em risco, o problema é meu e ponto final”, afirmou, no programa do apresentador José Luiz Datena, da TV Band.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, defende que a vacinação contra o coronavírus seja voluntária. Foto: Edu Andrade/Ascom/ME

Guedes disse que, como qualquer brasileiro, tem o direito de escolher se vai se vacinar, mas que, como ministro, defende a vacinação voluntária e gratuita. “Se alguém não quiser tomar, tem que ter direito. Mas também não pode ir ao cinema”, afirmou. “Gostei da ideia de ter um passaporte de imunização, que poderia ser pedido na entrada do shopping, por exemplo.”

O ministro acrescentou que, do ponto de vista econômico, é “evidente” que a vacinação é um investimento que tem que ser feito pelo governo. “O auxílio custa R$ 55 bilhões por mês, a vacinação de toda a população, R$ 20 bilhões, menos da metade”, comparou. Guedes afirmou que tem ajudado todos os ministros da Saúde, “o primeiro, o segundo, o terceiro”.

Enquanto 14 ministros e o próprio presidente Jair Bolsonaro foram contaminados pelo coronavírus, Guedes ressaltou que até agora conseguiu não ser atingido, mas que tem de tomar cuidados. 

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“Trabalhei esse tempo todo no meio de uma porção de gente que pegou”, lembrou. “Tenho 71 anos, tenho que me cuidar. Tenho amigos e parentes atingidos, tenho enorme sensibilidade.” 

Guedes comparou a privacidade em relação à vacinação com o sigilo do voto. “Eu como cidadão tenho direito à privacidade sobre se vou tomar e qual vacina tomarei. É como o voto, por exemplo. Perguntam se eu votei, em quem eu votei. Vai que meu candidato está criticando o governo? Tenho direito à privacidade”, completou.

O ministro disse que é “assustador” o Brasil voltar a registrar mil mortes por dia relacionadas ao coronavírus. “Se fosse segunda onda, seria uma situação bem mais grave, estamos observando. O plano A hoje é doença cedendo e economia voltando, [auxilio emergencial] termina 31 de dezembro. Teremos que pensar no que fazer se realidade não for essa”, afirmou. “Se precisar agir, vamos agir”.

Para o ministro, a “grande esperança” é a vacinação em massa da população e é o que vai garantir retorno seguro ao trabalho. “Estamos começando o ano com boas perspectivas, como estávamos no início do ano”, completou. Ele disse ainda que é necessário analisar questões como isolamento social e retorno ao trabalho. “Foi nosso comportamento que botou economia de volta e também causou repique [nas mortes]”. 

O ministro chegou a dizer que as mortes haviam caído a 200 por dia e que essa queda havia dado um “claro sinal” de que a crise de saúde estava terminando”.

Sobre uma eventual renovação do auxílio emergencial, Guedes disse ainda que é uma decisão que tem que ser tomada com responsabilidade fiscal e apontando fontes de financiamento. “A classe política tem que escolher ‘vou renovar auxílio, mas não tem aumento’”, completou. 

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