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Seade: otimismo com emprego começa a perder força

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Por Célia Froufe (Broadcast)
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A perspectiva otimista do início do ano sobre a economia, principalmente em relação a emprego e renda, começou a perder força. A avaliação é do coordenador de análise da Fundação Seade, Alexandre Loloian, citando as incertezas em relação aos desdobramentos da crise no mercado de crédito dos Estados Unidos, a alta dos preços das matérias-primas (commodities) e da inflação, além da política de aumento dos juros básico em curso pelo Banco Central. Para ele, o momento de indecisão se traduz na diminuição do emprego no setor privado revelada por meio da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) na região metropolitana de São Paulo, em junho, realizada pela Fundação Seade e o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O total de trabalhadores assalariados apresentou leve queda (-0,1%) de maio para junho, resultado da redução do número de empregos no setor privado (-0,7%) e aumento no setor público (4%). A diminuição do emprego no setor privado foi mais intensa entre os que não possuíam carteira de trabalho assinada (-2,1%) do que para os que possuíam (-0,3%). O contingente de trabalhadores autônomos permaneceu praticamente estável (0,2%) e o dos classificados nas demais posições, com destaque para construção civil, aumentou 1,6%. "O nível de empregos com carteira assinada ainda é alto, mas o setor público contratou mais, talvez pelo fato de este ser o último mês de contratações possíveis, por causa das eleições", comentou Loloian. De acordo com ele, a movimentação verificada no segmento de trabalhadores com carteira assinada reforça a hipótese de que há uma queda menor de vagas para estes trabalhadores do que para os que não possuem vínculo empregatício. Ele ponderou, no entanto, que os dados são ainda preliminares e que não é possível tratar esta tendência como definitiva. "Temos visto que as pesquisas de sentimento feitas com consumidores e empresários começam a mostrar preocupação com os rumos da economia", analisou. O coordenador acrescentou que quando o Banco Central começa a elevar os juros básico (a taxa Selic subiu 0,50 ponto porcentual em abril e junho e mais 0,75 ponto em julho, para o nível atual de 13% ao ano) diminui-se a confiança com a expectativa de atividade econômica forte. Ainda que haja uma defasagem entre o efeito da alta do juro e os números da economia real, Loloian destacou que a primeira manifestação no mercado de trabalho se dá na contratação de empregados formais. Para ele, a situação atual não é pior porque a expansão do crédito é mais importante para a atividade econômica do que a alta de juros. "Ainda não vemos mudanças significativas no nível de consumo", considerou.

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