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Seca no Sul deve elevar preços de frango e suíno em 2002

Por Agencia Estado
Atualização:

A seca prolongada no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina vai reduzir a oferta regional de milho, o que obrigará granjas e indústrias de ração desses Estados a buscar mais longe a matéria-prima para alimentação de frangos e suínos. Técnicos em agricultura da região Sul estimam em cerca de 20% a perda que a estiagem trouxe às lavouras locais de milho. A área de cultivo de milho no Sul, como em todo o País, foi reduzida em relação ao verão anterior, e o fato já pesava sobre os preços das carnes de frango e suíno desde o final de 2001. A seca agravou o quadro de oferta do cereal, além de obrigar granjeiros do Oeste catarinense a comprar água para dar de beber aos animais. "A estiagem vai elevar o custo de produção dos animais, e a indústria frigorífica não vai absorver este aumento", avalia a analista Amaryllis Romano, da Tendência Consultoria Integrada, de São Paulo. Ela calcula em 10% o aumento médio dos preços das carnes de frango e suíno ao longo de 2002, num movimento de alta gradual e constante. "Não vai faltar milho, mas os criadores do Sul terão que buscá-lo mais longe", ressalta Amaryllis, referindo-se às compras no Centro-Oeste, com custo mais alto de frete até as granjas ou indústrias de ração. Com a maior procura no Brasil central, os preços da região também devem se sustentar em patamares mais elevados. Ao mesmo tempo, os preços do farelo de soja, outro ingrediente de peso na formulação das rações, também terá preços sustentados, pois o aumento da produção de soja este verão deve ser absorvido pelo maior volume a ser exportado no ano, com a firme demanda internacional pelo produto. De acordo com Amaryllis, os preços do milho não devem cair este ano nem no pico da safra, entre março e junho. O reflexo da seca no bolso do consumidor deve ser sentido a partir de fevereiro, com a volta às aulas e a retomada da demanda normal por carnes de frango e suíno, que cai no período de férias de verão. "O impacto da seca sobre os preços ao consumidor e sobre a inflação poderá ser melhor medido mais tarde", destaca a consultora. Para o economista Juarez Rizzieri, da Fipe/USP, é difícil estimar o impacto da escassez de milho sobre a inflação, pois o produto não tem participação direta na apuração dos índices. Ele mostra, contudo, que existe espaço para que os preços das carnes de frango e suíno subam sem maior peso sobre a inflação. Nos últimos 12 meses, de acordo com Rizzieri, os alimentos subiram 6,7%. A carne bovina aumentou 10,62%, a suína subiu 5,86%, e a de frango caiu 1,3%. A evolução dos preços da carne suína e de frango, portanto, está abaixo do aumento geral dos alimentos . "Não há nada no cenário da seca e da oferta de milho que represente uma ameaça aos índices de inflação", afirma. Juntas, as carnes de frango e de suíno respondem por pouco mais de 1% do índice de inflação apurado pela Fipe. "O frango pode mexer um pouco com o valor da cesta básica, mas a população de baixa renda deve substituir o frango se o preço subir muito", avalia o economista.

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