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Secretário diz que superávit comercial veio para ficar

"Certamente continuaremos tendo superávits comerciais expressivos, porque a mudança ocorrida na economia tem muito de permanente", diz o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, José Guilherme Dias dos Reis.

Por Agencia Estado
Atualização:

A substituição de importações atingiu tal grau de maturação no Brasil que, mesmo quando a economia voltar a crescer a taxas de 4% ao ano, a balança comercial continuará a registrar saldos positivos. Ao menos, é o que diz o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, José Guilherme Dias dos Reis. "Não há dúvida que o saldo comercial cairá com uma maior taxa de crescimento econômico, mas certamente continuaremos tendo superávits comerciais expressivos, porque a mudança ocorrida na economia tem muito de permanente", declarou ao Estado. Um tema em voga para discussão entre economistas é quanto da queda de 17,3% nas importações de janeiro a setembro pode ser creditada na conta da queda na atividade econômica brasileira, e quanto é fruto de mudanças estruturais. A resposta a essa questão indica o que acontecerá com as contas externas quando a atividade econômica tornar a se aquecer. As importações entrarão numa trajetória ascendente que fragilizará novamente o balanço de pagamentos, ou a economia brasileira ganhou mais espaço para crescer de forma sustentada? "Pelo lado das importações, o que temos notado é que aumentou o descolamento entre a produção e a utilização de insumos importados", comentou Reis. Os dados mostram que o Brasil depende cada vez menos da importação de matérias-primas e produtos intermediários para manter sua produção. Ele acha que a alta do dólar levou as indústrias a procurar substitutos nacionais para insumos que mandavam vir do exterior. "Muitas vezes, a fábrica não está trabalhando com o produto que considera ideal, mas faz a troca por causa do custo", explicou. No entanto, em muitos casos o fornecedor nacional de insumos tem condições de adequar seu produto, tornando a substituição permanente. Independentemente da recente crise do dólar, muitas empresas já vinham investindo, nos últimos anos, em substituição de importações. Os resultados estariam aparecendo agora. Também pelo lado das exportações, o secretário vê sinais de mudanças que vieram para ficar. De janeiro a setembro, a venda de produtos brasileiros ao exterior ficou praticamente estável na comparação com igual período do ano passado, com queda de 1,9%, num quadro de retração na demanda mundial. "Vale lembrar que, só para a Argentina, perdemos US$ 2,5 bilhões em exportações", observou. O aumento das exportações decorre não só da desvalorização do real ante o dólar, que tornou os produtos brasileiros competitivos no exterior. Contou também a recuperação nos preços das ?commodities? internacionais, especialmente a soja. Além disso, a balança mostra os primeiros resultados positivos da estratégia brasileira de diversificação de produtos e mercados. As vendas brasileiras têm crescido em mercados não tradicionais, como países da América Latina e Oriente Médio. Reis admitiu que o ajuste nas contas externas que vem ocorrendo neste ano surpreendeu o próprio governo. "Está ocorrendo mais rápido do que todo mundo imaginava", disse. Neste ano, a balança comercial deverá fechar com um superávit de US$ 9,5 bilhões nas projeções do governo e superior a US$ 10 bilhões em alguns cálculos dos analistas de mercado. Em decorrência disso, as projeções do déficit no total das transações brasileiras com o exterior foi cortada de US$ 17 bilhões para US$ 14 bilhões - e a estimativa é considerada conservadora.

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