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Seguiremos em risco nos próximos meses

Nossos reveses não são de hoje e começaram lentamente na queda virtual do governo em maio do ano passado

Por Sergio Valle
Atualização:

Estamos em junho e os dados, às vezes, parecem apontar que as eleições estão ali, logo na esquina. Taxa de câmbio a quase 4,0, saída relevante de recursos da Bolsa, analistas nos colocando como a próxima peça do dominó a cair. A cara de junho de 2018 é como se, de fato, já fôssemos votar semana que vem. Como se sabe, não é o caso.

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Nossos reveses não são de hoje e começaram lentamente na queda virtual do governo em maio do ano passado. A parada cardíaca foi seguida de morte em fevereiro deste ano com o cadáver insepulto da reforma da Previdência. Por fim, a inédita greve dos caminhoneiros mostrou que o País está quase desgovernado. Daí à sensação de que candidaturas mais extremistas poderiam avançar foi um pulo e, de fato, a população parece ter comprado a ideia pelas pesquisas que saíram até agora. 

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Não bastasse nosso claudicante cenário doméstico, os EUA desde o começo do ano também enfrentam sua intempérie. Os riscos de uma inflação que cresce lentamente com um cenário fiscal preocupante e um presidente ávido por uma guerra comercial eram os elementos que faltavam para aumentar a instabilidade do dólar. No meio disso tudo, a escalada do preço do petróleo.

Este mar revolto tende a melhorar ou não? As barbas seguem de molho com o que vem pela frente. 

Lá fora, Trump continuará fustigando os acordos comerciais mantendo o risco geopolítico no ano. O cenário eleitoral não parece favorecer os candidatos de centro, que continuam se digladiando. Difícil não ver o câmbio mais pressionado e mais saída de capital de curto prazo. A Bolsa deve continuar sendo afetada, pois está atrelada à performance da economia. Sendo verdade que da saída da recessão entregaremos dois anos de crescimento baixo (2017 e 2018), o fôlego de recuperação da confiança dos consumidores e investidores começaria a minguar. O sonho da Bolsa a 90 mil pontos este ano parece não passar de sonho. Ainda dá tempo de reverter o mau humor, mas até outubro, pelo menos, os preços dos ativos brasileiros devem sofrer mais com o que a eleição nos reserva. 

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ECONOMISTA-CHEFE DA MB ASSOCIADOS

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