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Segundo mandato de Dilma não terá grande mudança econômica, opina Castelar

Coordenador de economia aplicada do IBRE/FGV prevê que no início de 2015 serão feitos apenas ajustes; resultado primário negativo é preocupante

Por Dayanne Sousa e Álvaro Campos
Atualização:

O coordenador de economia aplicada do IBRE/FGV, Armando Castelar, afirmou nesta terça-feira, 18, que não acredita em uma grande mudança na política econômica a partir do próximo ano, no início do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff. Durante participação em evento da série Fóruns Estadão Brasil Competitivo, o economista opinou que deve haver apenas ajustes marginais.

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Castelar questionou o desejo do governo federal de reduzir gastos públicos. O economista afirmou que espera um déficit primário este ano, embora tenha afirmado que é difícil mensurar o montante exato. Para ele, a recuperação a partir de então tende a ser difícil.

"Acho muito difícil passarmos de um governo que aumenta gasto público ano a ano para um governo que reduz gasto público", disse. Castelar destacou o papel que receitas não recorrentes, como as obtidas por meio de concessões, tem tido nas contas públicas. Para ele, porém, esse impacto tende a se reduzir. "Concessões ano que vem vão ter um cenário cada vez mais complicado, notadamente no segmento de petróleo", comentou lembrando as investigações em curso sobre supostos desvios na Petrobrás.

Castelar acrescentou que um resultado primário negativo se torna ainda mais preocupante num momento em que os custos de captação do Tesouro sobem. "Uma despesa relevante vai ser a de juros da dívida e isso vai afetar o resultado nominal", comentou. "Temos uma armadilha fiscal contratada nada trivial", ressaltou.

Crédito e consumo. O economista do IBRE/FGV comentou ainda sobre a relevância que o consumo vem tendo na conta do PIB brasileiro. "Está se consumindo em um patamar insustentável e investindo cada vez menos, ou seja, não estamos criando bases para crescer no futuro", disse.

Castelar considerou que há uma tendência de escassez na oferta de crédito. "Já há algum tempo os bancos privados pararam de aumentar crédito, mas vejo os bancos públicos também diminuindo, é uma área em que vai haver algum ajuste", disse. "O crédito no ano que vem vai ser mais escasso e já está mais caro do que era até recentemente", concluiu.

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