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Segurança e cozinha americana são exigências

Preocupação com filhos e maior área de convivência são a causa dos requisitos. Valor dos imóveis varia de R$ 90 mil a R$ 250 mil

Por Jennifer Gonzales
Atualização:

Quem é o comprador de imóveis da classe C? Pesquisas realizadas por incorporadoras junto a clientes e consultorias revelam um perfil de consumidor: são jovens de 22 a 30 anos em sua maioria (cerca de 60% do total), noivos ou recém-casados e que somam uma renda mensal de R$ 1,2 mil a R$ 3,5 mil. Eles também têm mais anos de estudo que seus pais - trabalham e bancam a própria faculdade.

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Além da casa própria, a classe C tem outro grande desejo de consumo: metrô perto do imóvel. "Esse público deseja ter acesso fácil a um meio de transporte público, em especial a uma estação de metrô", afirma Claudio Silveira, sócio da consultoria na área de informação estratégica Quorum Brasil.

No mês passado, a empresa fez uma pesquisa com 600 pessoas na faixa etária de 25 a 55 anos cuja renda familiar vai de R$ 1,2 mil a R$ 2,5 mil (parte do que constitui a chamada classe C, que vai de três a dez salários mínimos). "Chegamos a duas conclusões com essa enquete", diz Silveira, de 53 nos. "Essa faixa da população, que tem alta demanda por imóveis, só pode adquirir unidades com valor em torno de R$ 100 mil, o que a obriga a comprar em áreas cada vez mais distantes - e longe da sonhada estação de metrô."

A necessidade de chegar ao local de trabalho sem gastar horas no trânsito, portanto, fica a ver navios. "As incorporadoras não conseguem fazer essa equação bater, construir em terrenos próximos da cidade, já que eles estão cada vez mais escassos e onerosos, e satisfazer a classe C quanto à vontade de morar em um local com infraestrutura completa", diz o diretor da Quantum. "Para essas pessoas é importante ter uma padaria e farmácia perto de casa, além de transporte público e escolas. "Os governos precisam acompanhar esse movimento e prover infraestrutura em áreas onde vivem os novos proprietários. Essa classe quer e vai continuar comprando imóveis."

Apartamento. A pesquisa revela ainda preferências sobre essa parcela da classe C que está adquirindo um imóvel. Embora morassem ou ainda morem (quando o empreendimento ainda não foi concluído) em casas (pagando aluguel), essas pessoas escolhem apartamentos na hora da compra, afirma Silveira. "É uma razão econômica: casa é mais cara que apartamento." A segurança é outro fator que os incentiva à aquisição de unidade em edifício. "Principalmente para quem tem filhos pequenos e adolescentes, a sensação de segurança é uma questão importante."

Por serem pequenas - essas unidades têm área útil média de 42 metros quadrados a 75 m² -, o aproveitamento máximo dos espaços é essencial. Daí, a introdução da cozinha americana nesse tipo de empreendimento, e que, até alguns anos atrás, só estava presente em imóveis de alto e médio padrão. "Antes era tudo fechado, a sala e a cozinha eram separadas, as pessoas não gostavam da ideia de integrar os ambientes por receio do cheiro gerado na cozinha", diz o diretor geral da Living, Antonio Fernando Guedes. "Mas quando eles são divididos, você aumenta a área de convivência e a sensação de amplitude." As unidades da empresa vão de R$ 120 mil a R$ 250 mil.

Hoje em dia, essa característica é aceita entre os compradores desses imóveis, acrescenta o diretor do segmento econômico da Rossi, Rodrigo Martins. "A cozinha americana é extremamente popular." Os imóveis da incorporadora na região metropolitana de São Paulo estão na faixa de R$ 90 mil a R$ 170 mil.

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A mudança foi drástica em pouco tempo. "Cerca de 70% dos compradores querem uma cozinha americana", diz Martins. "Até 2007, apenas 30% optavam por esse elemento." 

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