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Selic cai, indústria critica e diz que juro real ainda é alto

A taxa de juros real no Brasil ainda é de mais de dois dígitos, acima dos 10%, justamente por causa de outro feito, a de inflação jamais conseguida, menor que 5% ao ano

Por Agencia Estado
Atualização:

Mais uma vez a indústria criticou a magnitude da queda do juro decidida pelo Comitê de Política Monetária. O corte foi de 0,5 ponto porcentual - de 15,25% para 14,75% ao ano - foi considerado pequeno pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que avaliou que havia espaço para uma queda mais acentuada da taxa. Em nota divulgada à imprensa, a Fiesp afirmou que a taxa de inflação esperada para os próximos meses vem caindo tão rapidamente quanto a Selic, de maneira que a taxa de juros real - juro nominal descontada a inflação - permanece estável. De fato, o BC proporcionou algo inédito para o País: uma taxa básica em 14,75% ao ano, a menor da história em 31 anos, de acordo com a série disponibilizada pelo BC. No entanto, há de se lembrar que a taxa de juros real no Brasil ainda é de mais de dois dígitos, acima dos 10%, justamente por causa de outro feito, a de inflação jamais conseguida, menor que 5% ao ano. A partir de dados da pesquisa Focus, divulgada pelo Banco Central, a Fiesp mostrou que em 1º de junho de 2006, quando a Selic foi fixada em 15,25% ao ano, a inflação esperada era de 4,3%, o que apontava uma taxa de juro real de 10,5%. Com a queda de 0,50 ponto porcentual anunciada hoje, e a inflação esperada de 3,8%, a taxa de juros real chegou aos 10,6%. "Há, portanto, espaço para queda mais acentuada da Selic, só o BC não vê", sustentou a entidade. O presidente da Confederação Nacional da Indústria, Carlos Eduardo Moreira Ferreira, concorda. "Há espaço para cortes mais expressivos nos juros básicos", afirmou ele em nota divulgada por sua assessoria. Ele lembra que o próprio Banco Central constatou que as estimativas para a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) - usado como referência para a meta de inflação - estão em 3,77%, muito abaixo da meta de 4,5% fixada para o ano. "Mesmo assim, o Copom optou por manter um ritmo mais lento na redução dos juros", afirmou ele conforme a nota. Ele destacou que a taxa anunciada hoje, que corresponde a um juro real de 10% ao ano, ainda "está muito acima das praticadas em economias estáveis e pelos concorrentes do Brasil nos mercados mundiais". Crescimento precisa de queda maior O Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) avalia que o Banco Central perdeu uma "boa oportunidade" de reduzir a taxa de juros básica mais rapidamente e argumentou que uma queda superior à anunciada hoje contribuiria para um maior crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. Na avaliação do diretor do Departamento de Economia do Ciesp, Boris Tabacof, embora a nova taxa Selic seja a menor desde 1986, a trajetória de queda deve ser mantida se o País visa um crescimento do PIB acima dos 3,5% previstos para 2006.

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