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Selic deve alcançar patamares semelhantes aos dos emergentes, diz Mantega

A expectativa do ministro da Fazenda é que a taxa básica de juros alcance os níveis dos demais países emergentes nos próximos quatro anos

Por Agencia Estado
Atualização:

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta quarta-feira que espera que a taxa básica de juros da economia alcance os níveis dos demais países emergentes nos próximos quatro anos. Ele evitou fazer uma aposta sobre a decisão que será tomada nesta quarta pelo Comitê de Política Monetária (Copom). "Tenho afirmado que a Selic vai cair nos próximos quatro anos para patamares semelhantes aos dos países emergentes", lembrou. Sobre as medidas para o spread bancário em estudo, Mantega afirmou que estas visam elevar a competição no sistema financeiro e, com isso, reduzir as taxas de juros cobradas dos consumidores finais. "Os spreads vão cair com a competição. Os bancos vão competir. O governo vai se esforçar para isso", disse. Segundo ele, no entanto, este processo de queda nos spreads não vai ocorrer automaticamente após o anúncio das medidas, mas de forma gradual, como fruto da maior concorrência entre as instituições. TR O ministro também afirmou que a idéia do governo no pacote de medidas para reduzir o spread não é eliminar o uso da Taxa Referencial (TR) nos financiamentos imobiliários. O objetivo, informou, é torná-la facultativa, de modo que os bancos possam oferecer empréstimos pré-fixados, com taxas de juros menores. De acordo com Mantega, algumas instituições já praticam o uso facultativo da TR, mas a idéia em estudo é que o financiamento imobiliário possa ser contabilizado nas exigibilidades do sistema financeiro de habitação (SFH). Atualmente, o banco decide se quer ou não usar a TR. Caso não a utilize, o dinheiro emprestado não é contabilizado como recurso do SFH. "Existe uma tendência à eliminação da TR", disse Mantega, após almoço com representantes de instituições financeiras. Transferência de vencimentos O ministro da Fazenda afirmou também que há consenso entre governo e as instituições financeiras a respeito da criação da transferência de salários e da aposentadoria. O mecanismo permitiria que os clientes transferissem seus vencimentos de um banco para outro sem qualquer ônus. "O cliente se dirige à agência onde tem conta e pede a transferência dos seus recursos para outra instituição e não vai pagar nenhuma taxa", disse Mantega, lembrando que já não é cobrada CPMF nas contas de mesma titularidade. Segundo o ministro, com esta medida, a tendência é que, no futuro, os clientes tenham a liberdade de escolher o banco onde receberão seus vencimentos. O ministro explicou que as medidas que têm consenso já deverão ser anunciadas na semana que vem, em reunião extraordinária do Conselho Monetário Nacional, prevista para o dia 5 de setembro. Mantega afirmou, entretanto, que outros dois pontos têm maior dificuldade para serem anunciados na semana que vem: transferência do crédito habitacional e também do crédito consignado. Para este último, segundo o ministro, deverá ser permitida a transferência apenas nos novos contratos (fluxos). "No consignado, é preciso mais cautela para não causar mal-estar. Queremos facilitar a vida do cliente. Vamos estudar o que é melhor", disse. Em relação à transferência do crédito imobiliário, Mantega afirmou que o caso é ainda mais complexo porque se trata de uma operação de longo prazo onde os bancos já firmaram uma série de compromissos. O ministro considera o sistema norte-americano, onde há portabilidade total do crédito imobiliário, como ideal, mas é preciso, segundo ele, fazer esta transição com cuidado. "Temos que evoluir para este sistema, mas com cautela". Mantega repetiu que o governo estuda a criação do crédito consignado para o setor imobiliário, que valeria para a compra de apenas um imóvel e que, segundo ele, reforçaria as garantias deste tipo de crédito (que já conta com a alienação do imóvel), ajudando a reduzir seu custo para os clientes. "O consignado é uma dupla garantia. Com isso, pode-se reduzir a taxa", disse o ministro.

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