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Selic em alta: momento é de cautela para o investidor

A Selic passou de 25,5% para 26,5% ao ano. É a taxa mais elevada desde 12 de maio de 1999. Analistas recomendam cautela na hora da escolha da aplicação. Os fundos DI, que eram indicados principalmente pela segurança que oferecem, ganham atratividade devido às altas taxas de juros.

Por Agencia Estado
Atualização:

Depois de pouco mais de cinco horas de reunião, os integrantes do Comitê de Política Monetária (Copom) decidiram elevar a Selic, a taxa básica de juros da economia, de 25,5% para 26,5% ao ano, sem a adoção de viés. Este é o patamar mais elevado desde 12 de maio de 1999, quando a Selic era de 27% ao ano. Segundo comunicado divulgado ao final da reunião, ?a inflação mostra sinais de resistência. Diante disso, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 26,5%?. O Comitê decidiu também elevar a alíquota do compulsório sobre depósitos à vista de 45% para 60%, o que deve trazer impacto para o crédito ao consumidor (veja mais informações no link abaixo). A ata da reunião realizada hoje será divulgada na próxima quarta-feira e próxima reunião do Copom será nos dias 18 e 19 de março. Para os investidores, a elevação da taxa Selic reforça a principal recomendação dos analistas em relação às decisões de aplicação neste momento: a cautela. Segundo o economista-chefe do ABN Amro Asset Management, Hugo Penteado, há fortes incertezas, tanto no cenário externo quanto internamente, que exigem do investidor uma postura de muita precaução. ?As incertezas em relação à guerra no Oriente Médio e as dúvidas sobre o sucesso da política monetária para o controle dos índices de inflação são decisivos para qualquer perspectiva sobre o cenário econômico-financeiro. Diante dessas indefinições, o investidor deve ser muito cauteloso na escolha da sua aplicação e precisa ficar atento às condições dos mercados?, afirma. Penteado explica que os fundos referenciados DI (pós-fixados) são a primeira opção para quem busca investimentos com o menor grau de risco. São carteiras formadas por títulos do governo que pagam juros pós-fixados e, apesar da possibilidade de apresentarem uma variação negativa da cota, devido à adoção da marcação a mercado, esses fundos ainda representam a opção mais segura para os investidores. Devido à elevada taxa de juros, o diretor de renda fixa da Unibanco Asset Management (UAM), Guilherme Menin Gaertner, destaca que os fundos DI devem ser vistos hoje como uma excelente opção de investimento. ?Não só pela segurança que oferecem, mas, principalmente pelo rendimento?, explica o diretor da UAM. Nessa quarta-feira, antes do Comitê anunciar a sua decisão, os contratos futuros de DI negociados na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) com vencimento em julho pagavam taxas de 28,20% ao ano. Considerando-se uma taxa de inflação de 12%, o ganho real para esses papéis chega a 14,29% ao ano. Para a escolha de um fundo DI, os analistas destacam que é necessário checar o prospecto e regulamento da carteira. Isso porque existem fundos que compram títulos de prazo mais longo, para os quais as taxas são mais elevadas. Porém, a oscilação de preço desses papéis também é maior, o que provoca uma variação maior para o valor da cota. Já os fundos formados por papéis de prazo mais curto apresentam uma oscilação menor no valor da cota e, portanto, têm um perfil mais conservador. Bolsa As perspectivas para o mercado de ações não são boas, segundo o economista-chefe do ABN Amro. Ele explica que uma recuperação das ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) vai depender de uma definição sobre a extensão de um possível conflito entre os Estados Unidos e o Iraque e da dimensão das conseqüências dessa guerra para a economia dos países. ?A Bolsa pode ganhar força com a diminuição das incertezas sobre o conflito no Oriente Médio. Também será necessário comprovar a eficácia da política monetária para o controle da inflação. São duas condições necessárias para uma recuperação do mercado de ações e que não estão presentes nas perspectivas?, afirma Penteado. Regra geral, o investimento em ações exige que o investidor tenha disponibilidade de tempo. Isso significa que apenas os recursos que não têm uma data definida para resgate devem ser direcionados para esse mercado. Também é preciso estar preparado para perdas, bem como para fortes oscilações no preço das ações ou das cotas dos fundos de ações. Para quem está com recursos investidos em fundos de renda fixa, a migração dos recursos para uma carteira de ações tem um custo elevado. Isso porque, com taxas de juros muito elevadas, o investidor tem um rendimento atraente, com baixo risco. Na Bolsa, o risco é mais elevado e o ganho é incerto. Dólar Investimentos em fundos cambiais também embutem um risco elevado. O economista-chefe do ABN Amro Asset Management destaca que apenas as pessoas que têm dívidas em dólar não correm riscos ao optar por essa aplicação. ?Para esses casos, há uma sintonia entre a moeda atrelada ao investimento e a moeda atrelada às dívidas. Portanto, qualquer subida ou descida do dólar não provoca perdas para o investidor?, afirma. Penteado alerta que os investidores que buscam ativos atrelados à moeda norte-americana com o objetivo de apurar rendimento devem estar preparados para perdas, pois não há nenhuma certeza sobre o comportamento da moeda norte-americana nas próximas semanas. As incertezas sobre o cenário externo e interno dificultam previsões nesse sentido. Vale destacar que os fundos cambiais são formados, principalmente, por títulos do governo que pagam a variação do dólar mais uma taxa de juros ? o cupom cambial. Portanto, mesmo quem tem dívidas em dólar e busca nesse investimento uma forma de proteção deve estar atento às condições de mercado que afetam o comportamento do cupom cambial. Além disso, o ganho apurado nos fundos cambiais é diminuído pela incidência da alíquota de 20% sobre a valorização das cotas em reais.

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