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Selic em queda obriga bancos a cortarem taxas de administração

Com a Selic a 5,5% ao ano, taxas altas podem engolir a maior parte do rendimento das aplicações

Foto do author Aline Bronzati
Por Aline Bronzati (Broadcast) e Érika Motoda
Atualização:

A redução da Selic para 5,5% ao ano está obrigando grandes bancos de varejo a diminuírem as taxas de administração em fundos de investimentos de renda fixa, com o objetivo de reajustar a remuneração dos clientes ao atual cenário econômico, em que a taxa básica de juros está no menor patamar histórico. 

Macedo, da Easynvest, diz ser difícil os bancos darem retorno de 100% Foto: Hélvio Romero/Estadão

 

Na última quinta-feira, o Banco do Brasil, por exemplo, anunciou cortes nas taxas de três fundos, que passaram a 3% ao ano. Conforme cálculos do banco BTG Pactual, os cortes podem afetar as receitas do BB em cerca de R$ 730 milhões ao ano.

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Ainda há, porém, fundos de renda fixa no mercado com taxas de administração elevadas, chegando a 5% ao ano, segundo levantamento feito a pedido do Estado pela empresa de soluções em software para o mercado financeiro Comdinheiro.

A Comdinheiro utilizou dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) de 12 meses até agosto sobre os fundos com mais de mil cotistas e patrimônio maior que R$ 1 bilhão. Constatou que o retorno do investimento nos cinco fundos mais caros é baixíssimo.

Isso porque a remuneração é atrelada ao Certificado de Depósito Interbancário (CDI), cujo valor é sempre próximo ao da Selic e está em 5,4% ao ano. Com isso, por mais que o investimento rendesse o prêmio total do CDI, o custo da administração de 5% ao ano engoliria a maior parte do valor, deixando o investidor com apenas 0,4%. E o maior retorno entre os cinco fundos foi de 50,05% do CDI.

“É difícil os bancos darem um retorno de 100%”, diz o diretor comercial da corretora Easynvest, Fabio Macedo. Dos 83 fundos incluídos no levantamento, só três tiveram esse desempenho: Safra Executive Corporate fundo de investimento em cotas de fundo de investimento (114,41%), Bradesco Prime fundo de investimento em cotas de fundos de investimento multi-índices longo prazo (110,29%) e BB longo prazo ativo multigestor private FIC FI (107,08%). Quem investiu nos três se deu bem, já que a taxa de administração mais alta não passa de 0,9%, o que aumenta a margem de lucro.

Uma taxa de administração mais alta, explicou Macedo, só compensa em caso de investimentos com maior grau de risco pois, por se tratar de aplicação menos conservadora, o gestor terá mais alternativas de direcionamento do dinheiro, e, com isso, aumentará a chance de uma boa rentabilidade. 

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Diversificar

Por mais que os investimentos em renda fixa não sejam tão atraentes em situações de baixa Selic, não quer dizer que tenham perdido serventia. “É o melhor investimento para quem é bastante conservador e está querendo colocar o pezinho para fora da poupança e conhecer de fato a questão operacional do mercado”, diz o especialista em fundos da Ativa Investimentos, Bernardo Teixeira.

“O fundo DI com uma alta taxa de administração é pior que a poupança. Já o fundo DI com os ajustes feitos pelos bancos é muito melhor. Ainda é atraente, só que não tem mais aquela rentabilidade alta em um investimento ultraconservador”, acrescenta.

A perspectiva é que a Selic siga em baixa. Alguns analistas acreditam que a tendência é que a taxa básica de juros termine o ano em 4,5%. Com esse cenário, o investidor precisará assumir riscos se quiser ver o dinheiro render mais.

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