PUBLICIDADE

''''Selic está 2 pontos acima do ideal para o País'''', diz Skaf

Empresários e sindicalistas criticaram a opção do BC de reduzir o ritmo de corte da taxa básica de juros

Por Marcelo Rehder e
Atualização:

A decisão do Comitê de Política monetária (Copom) de reduzir o ritmo de queda da taxa Selic, de 0,50 para 0,25 ponto porcentual, foi criticada por empresários e sindicalistas. Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, os setores produtivos não são mais voz solitária na queixa contra as altas taxas de juros. ''''Hoje, vários analistas de mercado, banqueiros e até ex-dirigentes do Banco Central concordam que a Selic está dois pontos acima do que seria ideal para este momento do País.'''' Segundo ele, isso implica gastos com juros da dívida pública de R$ 23,4 bilhões por ano, que, somados ao aumento da carga tributária explícita no projeto de Orçamento para 2008, resultam em 1,4% do PIB - o mesmo que arrecada a CPMF. ''''E o governo ainda insiste em renovar essa contribuição provisória.'''' Para o diretor do Departamento de Economia do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Boris Tabacof, a decisão quebra as expectativas positivas que se vêm formando no meio empresarial. ''''A decisão representa uma ducha de água fria para os empresários e coloca em risco a possibilidade de ingressarmos definitivamente no tão desejado ciclo de crescimento sustentado''''. O presidente da Federação do Comércio do Estado de São Paulo, Abram Szajman, considerou a decisão conservadora. Mas ressaltou que é a décima oitava queda seguida na taxa, o que reduz o espaço para reduções mais sensíveis. Sua expectativa é de que o Copom faça uma ''''parada técnica'''' nas quedas, o que fará com que a Selic termine o ano ao redor de 11%, pouco acima do previsto antes do início da crise imobiliária dos EUA e de alguns repiques inflacionários no País.''''Pior do que o resultado em si é a falta de perspectivas que ele traz'''', disse. ''''Se fosse mantido um ritmo de reduções mais vigoroso, poderíamos entrar em 2008 com uma taxa de 10%, que ainda seria uma das maiores do mundo, mas ao menos representaria alívio na estrutura de juros.'''' BANHO DE ÁGUA GELADA Na avaliação de Paulo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical, a decisão foi decepcionante. ''''É um banho de água gelada na já morna economia do segundo semestre'''', afirmou. ''''Para termos um crescimento significativo seria preciso uma queda substancial nos juros''''. Já o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique, disse que momentos como o atual diferenciam os ousados dos simplórios. ''''Se o mercado interno aquecido, baseado inclusive na melhora da renda dos trabalhadores, é um pilar a defender a estabilidade da economia, temos outro motivo para insistir na redução mais acelerada da taxa e sinalizar que o país quer investimentos produtivos''''. Na contramão das críticas, o diretor da Ford, Rogélio Golfarb, considera a queda importante, mesmo reduzida. Os planos de financiamento dos carros, hoje de até 84 meses, não serão alterados, disse ele. O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), deputado Armando Monteiro Neto (PTB-PE), afirmou que o corte de 0,25 ponto confirma o conservadorismo do BC. Segundo ele, a indústria espera, agora, que o Copom retome os cortes mais acentuados para que não se interrompa o processo de crescimento da economia. ''''Essa é uma condição fundamental para a manutenção do ritmo de crescimento do País'''', disse.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.