
30 de agosto de 2010 | 00h00
José Júlio Senna, ex-diretor do Banco Central
AUTOR DO LIVRO "POLÍTICA MONETÁRIA - IDEIAS, EXPERIÊNCIAS E EVOLUÇÃO"
O que o sr. prevê para o Copom desta semana?
Uma série de fatores e os fortíssimos sinais da autoridade monetária nos fazem ter dúvida zero de que a taxa básica não se altera mais este ano - não para cima, pelo menos.
Que fatores são esses?
Antes, tínhamos sinais muito fortes de aquecimento da economia brasileira. No cenário externo, tínhamos a recuperação da economia mundial e, particularmente, da americana. Mas, recentemente, houve alterações importantes nesse quadro. A inflação no Brasil veio para zero em junho e julho e ainda será baixa em agosto. As vendas e a produção industrial se estabilizaram ou sofreram retração, em termos reais. E, lá fora, há sinais de que o crescimento econômico americano pode ser abaixo do potencial.
Qual o impacto dessas alterações na política monetária brasileira?
É preciso distinguir o que é permanente do que é provisório. A inflação veio para zero. Vendas e produção tiveram estabilidade e retração por conta do fim dos incentivos tributários a bens duráveis. Tivemos ainda o efeito Copa do Mundo. Não dá para estimar quanto da queda deveu-se a isso, mas o fato é que a recuperação a partir de julho é nítida. E, na questão internacional, a mudança de comportamento, particularmente da economia americana, veio para ficar. Pesando o que é permanente e transitório, o cenário é de um crescimento no Brasil nos próximos trimestres entre 4% e 4,5%. Como o uso dos fatores já está intenso, haveria uma necessidade de retomar a alta da Selic em 2011, talvez com 1,5 ponto porcentual de alta. / F.D.
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