O Copom deve elevar a taxa básica de juros da economia em meio ponto porcentual, dos atuais 18,25% para 18,75%, aposta Marcelo Carvalho, economista do banco ING. E as altas não param por aí. Em entrevista ao Conta Corrente, da "Globo News", ele disse que ainda "não chegou ao fim o ciclo de aperto da política monetária". "Tem mais aperto pela frente", previu. Carvalho acredita que a taxa de juros só voltará a cair fortemente "quando ficar claro que o cenário de inflação é suficientemente confortável", para que o Banco Central consiga cumprir a meta de inflação estabelecida, "o que não é o caso no momento". A tendência da inflação medida pelos núcleos, segundo o economista, aponta para algo da ordem de 7% ao ano, porcentual acima da meta de 5,1%. Além de novas altas na Selic, Carvalho calcula que a taxa de juros permanecerá alta "por vários meses, mesmo depois de o BC parar de subi-la". Possibilidade de queda ele prevê somente para o segundo semestre ou, mais provável ainda, no quarto trimestre. "O cenário para este ano é de desaceleração da atividade econômica para permitir a convergência da inflação para as metas", afirmou. O economista observou que a capacidade industrial instalada está em "picos históricos", contexto que tem pressionado os índices inflacionários. Em alguns setores, ele aponta, os investimentos demoram de um a até três anos para apresentar resultados, e é nesse meio tempo que a utilização da capacidade permanece pressionada. "Daí, a preocupação do BC com o resultado que isso tem sobre a inflação." O principal risco para os números brasileiros, como aumento da dívida pública e da relação dívida-PIB, depende muito mais do comportamento do cenário externo - especialmente da economia americana - do que do doméstico. E no momento, diz Carvalho, o cenário global "ainda é favorável", mas deve mudar nos próximos 12 a 24 meses. A mudança é demonstrada pela postura adotada pelo Fed, banco central americano, que deve prosseguir com sua política de aumento gradual das taxas de juros.