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Sem acordo, Doha deve ser adiada para 2012, afirma Amorim

Às vésperas do encontro da OMC, França ameaça implodir qualquer liberalização no setor agrícola

Por Jamil Chade e de O Estado de S. Paulo
Atualização:

O ministro das Relações Exteriores, o chanceler Celso Amorim, alertou nesta sexta-feira, 18, que um fracasso nas negociações da Rodada Doha, da Organização Mundial do Comércio (OMC), poderia adiar um acordo comercial para pelo menos até 2012. Nesta sexta, a França ameaçou implodir qualquer liberalização no setor agrícola, às vésperas do encontro da OMC, que está sendo considerado como a última chance de se fechar um acordo na Rodada Doha. Veja também:Acordo de Doha seria um marco histórico para o Brasil "Os países precisam ter um discernimento político. Se não houver um acordo, certamente o processo todo será adiado por mais uns três anos, no mínimo", alertou Amorim, que desembarcou nesta sexta em Genebra. Para ele, o segredo será a capacidade dos países em avaliar a situação como um impasse político, e não apenas comercial. Na avaliação do chanceler, um dos pontos mais críticos do processo será a pressão dos países ricos sobre os emergentes. Nos últimos dias, norte-americanos e europeus tem insistido que economias como a do Brasil, Índia e China abram seus mercados para os produtos industriais. Os franceses, por exemplo, convocaram nesta sexta todos os ministros de agricultura e comércio da União Européia (UE, bloco econômico formado por 27 países europeus) para alertar que, como presidentes do bloco pelos próximos seis meses, vão insistir que Bruxelas não faça nenhuma nova concessão. Porém, o alerta francês é feito ao mesmo tempo em que países emergentes apontam que precisam de um maior acesso aos mercados agrícolas mundiais. Os europeus estão divididos, já que um grupo de países do bloco estima que está na hora de concluir um acordo comercial. Mas, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, alertou que o bloco perderia 100 mil empregos se o acordo fosse assinado. Para ele, que teria o poder de vetar um acordo, Brasil, China e Índia precisam abrir de forma mais profunda seus mercados para bens industriais e serviços. "Já acabamos com todas nossas margens de manobra no setor agrícola. Não podemos ir além do que já foi oferecido", afirmou a secretária de comércio da França, Anne-Marie Idrac. Outro país que defende a manutenção das barreiras é a Irlanda. "Vamos defender nossas posições e ela será forte", afirmou o ministro irlandês, Dick Roche. Porém, a Alemanha quer um acordo. "Vamos defender nossos interesses industriais", afirmou o secretário de comércio alemão, Bernd Pfaffenbach.

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