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Sem adesão do setor de transportes, greve contra reforma tem efeito limitado

Paralisação contra reforma da Previdência teve atos em todo o País, mas, para analistas, não deve ter impacto na votação da proposta; na capital paulista, 53 escolas particulares foram afetadas. Em todo o Estado, 14 pessoas foram detidas pela Polícia Militar

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Por Redação
Atualização:

A greve geral contra a reforma da Previdência, convocada pelas centrais sindicais, teve atos registrados em praticamente todos os Estados. Mas, sem a adesão maciça dos trabalhadores dos setores de transporte, os efeitos acabaram sendo localizados. Em São Paulo, por exemplo, os ônibus e os trens metropolitanos funcionaram normalmente durante todo o dia. Apenas o metrô teve parte das operações paralisadas.

Manifestação contra a reforma fechou os dois sentidos daAvenida Paulista. Foto: JF DIORIO/ESTADAO

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Na avaliação do cientista político Rafael Cortez, a greve é um movimento relevante como termômetro do poder de mobilização da oposição, mas não deve ter nenhum efeito prático em relação à votação da reforma da Previdência. “A greve é relevante, mas não trouxe algo de diferente do que já estava contabilizado tanto para a imagem do governo quanto para o cálculo de custo/benefício que os legisladores fazem (ao votar contra ou a favor de algum projeto)”, disse. Por isso, afirma Cortez, não deve significar algum impeditivo para o prosseguimento da agenda econômica do governo, sobretudo para a Previdência.

Para o cientista político e professor da USP Alcindo Gonçalves, a greve geral foi “bastante parcial, localizada e, de certo ponto, inoportuna”, por ocorrer no dia seguinte à apresentação do parecer do relator da reforma da Previdência na Câmara, Samuel Moreira (PSDB-SP), que contempla “uma série de desejos da oposição e das centrais sindicais”. Para Gonçalves, é “discutível” a decisão de manter a greve durante esse processo de negociação.

“Greves gerais precisam ser convocadas em situações muito cuidadosas”, disse Gonçalves. “Da maneira como as paralisações de hoje (sexta-feira) estão acontecendo, como se fosse um grande movimento sindical, a greve passa a gerar antipatia e revolta das pessoas impedidas de trabalhar e de se locomover.”

As centrais sindicais, porém, avaliaram que a greve geral foi um sucesso. Para o presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Pattah, o movimento demonstrou a união das centrais sindicais, em um momento em que o País conta com milhões de desempregados e desalentados. “Queríamos colocar as demandas nacionais, de busca de geração de emprego e crescimento econômico.”

Já o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, será feita uma manifestação ainda maior “se o governo não desistir dessa proposta injusta para a Previdência”.

Atos

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Em São Paulo, houve protestos em pontos localizados da Região Metropolitana desde o início da manhã. O movimento Frente Povo sem Medo fez interrupções, por períodos curtos de tempo, em diversas rodovias e ruas, entre elas a Rodovia Hélio Smidt, que dá acesso ao aeroporto de Guarulhos, a Rodovia dos Imigrantes, em Diadema, e o acesso ao Elevado João Goulart (Minhocão). Houve paralisação nos bancos e, segundo o Sindicato dos Professores da Rede Particular de São Paulo (Sinpro-SP), 53 escolas da capital foram afetadas, de forma parcial ou total. No Estado, houve 14 detidos pela Polícia Militar.

Passeata nesta sexta-feira contra a reforma e cortes na Educação. Foto: JF DIORIO / ESTADAO

No fim da tarde, foi realizado um ato em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), na Avenida Paulista, onde, além da reforma da Previdência, o ministro da Justiça, Sérgio Moro, foi alvo dos ataques. O ex-candidato do PT à Presidência da República, Fernando Haddad, pediu a saída do ministro por causa dos áudios divulgados pelo site The Intercept. O líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e também ex-candidato à Presidência pelo PSOL, Guilherme Boulos, também pediu a saída de Moro.

Bombas de gás

No Rio, a multidão que se aglomerou na Igreja da Candelária, no início da noite, chegou à Central do Brasil. Houve um pequeno tumulto pela explosão de fogos de artifício. Já perto da estação, na Avenida Presidente Vargas, manifestantes e policiais entraram em confronto e o tumulto foi dispersado com bombas de gás.