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‘Sem aprovação do impeachment, situação segue instável’

Para executivo, houve aumento de confiança entre empresários e há sinais de que País está parando de piorar

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Atualização:

O presidente do Conselho de Administração da Natura, Pedro Passos, vê a possibilidade de retomada de investimentos no País “um pouco mais para a frente” como resultado da melhora da confiança com a administração Michel Temer. Sobre possível aumento de impostos, defende que, antes de falar disso, “há uma margem importante de manobra fiscal que pode ser obtida com a revisão de medidas como a desoneração da folha de pagamento”.

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Qual sua avaliação sobre o governo Michel Temer?

É inegável reconhecer que houve aumento de confiança do mundo empresarial e de vários formadores de opinião. A sinalização de formação de equipe, principalmente no lado econômico, teve boa aceitação. Já do lado político não ficou tão claro pois, obviamente, ainda está sobre as cabeças do governo a Lava Jato, que é incontrolável. O fundamental é que as direções anunciadas, como a limitação de gastos, são favoráveis. Em paralelo, ocorreram medidas contraditórias, como o aumento do salário do funcionalismo e do Judiciário. Tem um incômodo de curto prazo que deve tirar um pouco a capacidade de comunicação que é a transitoriedade. Enquanto não for definitivamente julgado o impeachment, a situação segue instável.

O sr. acha viável a meta de déficit de R$ 139 bilhões em 2017?

O número é até favorável, no sentido de ser melhor do que algumas projeções. Por outro lado, não ficou claro qual é a posição desse número. A hierarquia e o planejamento de como vai ser conduzido esse ajuste precisam ficar mais claros.

Para Passos, meta de déficit é ‘até favorável’ Foto: Nilton Fukuda|Estadão

Na sua avaliação, há possibilidade de aumento de impostos?

Há medidas setoriais, subsídios, desonerações e incentivos que foram concedidos, ou mesmo desoneração de folha de pagamento, que deveriam ser revistos antes de se apelar para o imposto. O clima hoje para aumento de impostos é muito ruim. Talvez seja necessário, mas deveria vir num segundo momento. Nesse sentido o governo está sendo lento na revisão dos programas, pois acho que aí tem uma margem importante de manobra fiscal.

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Como o sr. vê o desempenho da equipe econômica?

Tem enorme competência, mas o problema é que o comando é político. Tenho impressão de que existe razoável consenso do que deve ser feito, a começar pela disciplina fiscal e a modernização da nossa economia, que é burocrática. Acredito que essa equipe tem um diagnóstico muito bem feito. O enunciado está claro, mas vai precisar força política para enfrentar uma agenda que é dura. Por outro lado, imagino que a equipe vê a possibilidade, se as coisas forem feitas corretamente, de o Brasil ter uma retomada do crescimento no médio prazo.

Quando?

Há sinais de que o País está parando de piorar. Existe uma certa estabilização e há projeções de crescimento no ano que vem em torno de 1% a 2%. O mais importante é o sinal, que virou de negativo para positivo. Se em algum momento o BC puder sinalizar juros menores, acho que aumentará a confiança e o estímulo ao investimento.

O sr. já vê um horizonte para a volta de investimentos?

Ainda não está acontecendo, mas o cenário começa a ficar mais favorável. É possível que ocorra uma retomada um pouco mais para a frente.

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