
16 de novembro de 2019 | 05h00
No começo, foi difícil para a piauiense Raíza dos Santos, de 28 anos, se acostumar com o atendimento aos clientes de uma operadora de telefonia. O trabalho era pesado e o consumidor, nem sempre receptivo. “Cheguei a ganhar R$ 1.100 por mês. Pode não parecer muito, mas esse dinheiro ajudou a sustentar a família. Quando a crise no País apertou, as vagas ficaram mais disputadas e as empresas de call center passaram a pagar menos.”
Desempregada desde junho, ela agora faz, em casa, bolos para festas e para vender na rua. Chega a percorrer vários bairros de Teresina, mudando a barraquinha de lugar dependendo do dia. Algumas das encomendas são para os ex-colegas que ficaram no telemarketing.
“Ainda estou pegando o jeito nesse trabalho novo, mas, dependendo do mês, consigo tirar entre R$ 800 e R$ 1 mil, enquanto deixo currículos. É difícil voltar para o call center, mas posso conseguir alguma vaga de balconista ou de frentista. A gente só não pode desanimar ou perder a esperança.”
Ela agora faz planos de voltar a estudar e quer começar no ano que vem o curso técnico de auxiliar de enfermagem. “Antes, eu até conseguia me planejar melhor, sabia exatamente quanto ia entrar todo mês e reservava uma parte para os meus estudos e para a escola do meu filho. Agora, é trabalhar e contar com a sorte. Quando não se tem carteira assinada, você acaba aprendendo a viver um dia de cada vez.”
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