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Sem concessões, Índia torce por retomada da Rodada de Doha

Por SUROJIT GU
Atualização:

A Índia, apontada como grande responsável pelo fracasso da reunião da OMC nesta semana, disse na quinta-feira torcer pela retomada do processo de abertura comercial global, o que um funcionário disse que pode acontecer em meados de 2009. As discussões em torno da chamada Rodada de Doha fracassaram devido às divergências entre EUA e Índia a respeito de um mecanismo de salvaguardas para proteger pequenos agricultores de países em desenvolvimento contra surtos de importação. O ministro indiano de Comércio e Indústria, Kamal Nath, já havia dito que o fracasso do encontro deveria ser tratado como uma pausa ao invés de um colapso, e na quinta-feira reiterou a defesa das salvaguardas agrícolas. "Estou esperançoso de que o processo vá recomeçar de novo", disse ele em entrevista coletiva ao voltar de Genebra. "A Índia estará pronta para quando o processo for retomado." Sem entrar em detalhes, ele afirmou que o processo poderia recomeçar "nos próximos dois ou três meses". Já o secretário indiano de Comércio, Gopal Pillai, disse a uma TV horas depois que dificilmente a Rodada de Doha será retomada antes da eleição presidencial de novembro nos EUA, e que o mais provável é que ela fique parada até meados de 2009, para então ser concluída em mais um ano. "Então realmente espera-se a conclusão da Rodada de Doha em torno de junho de 2010, e isso é uma pena, porque até certo ponto houve progresso (no encontro de Genebra)", disse Pillai. Até que aparecesse a questão das salvaguardas, os principais entraves à conclusão da Rodada Doha eram o fim dos subsídios agrícolas nos EUA e a redução generalizada de tarifas agrícolas e industriais de importação. O colapso de terça-feira ocorreu após nove dias de tensas discussões entre os principais integrantes da OMC, que desde então se culpam mutuamente pelo fracasso. A Índia age como porta-voz dos países em desenvolvimento, e Nath disse ter informado à OMC que seu país está disposto a voltar às negociações, desde que não lhe cobrem concessões em temas que afetem os pobres indianos e de outros lugares. "Eu tinha muito claro que não vou negociar a segurança da subsistência dos camponeses indianos e da agricultura indiana", disse Nath na entrevista coletiva. A Índia terá eleições até maio de 2009, mas alguns especialistas em comércio dizem que a postura do país na negociação não deve mudar mesmo que a oposição conquiste o poder.

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