Levantamento semelhante havia sido feito nos anos anteriores. Comparando os primeiros semestres de 2014 e 2015, os resultados foram semelhantes no tocante à aquisição de produtos da linha branca (como geladeiras e máquinas de lavar roupa), móveis, informática, automóveis ou eletrônicos. As maiores diferenças estiveram na redução (de 7% para 4% dos consultados) dos que adquiriram produtos da linha marrom (como TVs, DVDs e aparelhos de imagem) e no aumento de 7% para 10% dos que adquiriram telefones celulares. Quase um terço dos entrevistados gostaria de ter adquirido um desses itens, mas não pôde fazê-lo.
Entre os motivos, 32% não tinham dinheiro suficiente e 28% acharam os preços muito altos (em 2014, esses porcentuais foram de 29% e de 24%).
Nada menos de 43% dos entrevistados dizem que as condições financeiras estão piores (35%) ou muito piores (8%), enquanto 46% consideram que são iguais às de idêntico período de 2014 (esse porcentual era de 62% no segundo semestre de 2014). E nada menos de 77% das pessoas ouvidas não pretendem adquirir nenhum dos itens indicados.
Dos que desistiriam de comprar, 28% indicaram como motivo a alta de preços em geral e 26% a perda do emprego. Há uma evidente intolerância com a inflação, pois muitos admitiram que não comprariam um determinado bem em caso de aumento de preço.
A inflação de 7,64% neste ano e de 9,49% em 12 meses, até setembro, provoca desajustes dramáticos na vida dos trabalhadores, impondo padrões de austeridade imprevisíveis há apenas um ano, quando o governo ainda tentava estimular o consumo. E como a inflação não dá sinais de trégua - a expectativa é de novas altas nos preços de alimentos, além dos reajustes já ocorridos em derivados de petróleo -, as perspectivas para o consumo de bens duráveis até dezembro são muito ruins.