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Sem iniciativas, Brasil se isola na briga por mercado agrícola

Por Agencia Estado
Atualização:

Apesar do discurso do Itamaraty, do Ministério da Agricultura e do próprio presidente Fernando Henrique Cardoso de que as barreiras agrícolas nos países ricos devem ser atacadas, o Brasil se isola cada vez mais na briga por uma revisão do mercado agrícola mundial. Estados Unidos, União Européia, Japão, Canadá e Austrália tomaram a iniciativa de formar o G-5, exatamente com o objetivo de coordenar suas posições sobre o futuro da liberalização do comércio agrícola. Os ministros da agricultura desses países se reúnem hoje, na cidade japonesa de Nara, para debater de que forma o tema deve ser tratado pela Organização Mundial do Comércio (OMC). O Brasil, um dos maiores interessados nesse tema e um dos países mais ativos nesse setor na OMC, ficou de fora do grupo. Um dos motivos teria sido o fato de que o grupo foi organizado pela Austrália, outro importante exportador de produtos agrícolas no mundo e líder do Grupo de Cairns (bloco formado por 18 países exportadores agrícolas). O problema é que os australianos não querem regras na OMC que permitam que a competitividade brasileira prejudique as exportações do país e, portanto, não fazem questão de contar com a presença dos representantes de Brasília. Disputas Diante do isolamento, outra alternativa para que o Brasil tentasse influenciar nas negociações seria atacar as barreiras por meio da abertura de investigações na OMC contra práticas desleais dos países ricos. Mas nem isso deverá ocorrer. Há um ano, o Brasil anunciou que pediria a intervenção da OMC no caso dos subsídios dados pelos Estados Unidos aos seus produtores. A prática acabaria afetando as exportações brasileiras e o setor privado pediu que uma ação fosse tomada. Por enquanto, por divergências internas no governo, não há qualquer sinal de que o processo chegará à Genebra nas próximas semanas. O Brasil ainda havia prometido pedir a intervenção da OMC nos casos das barreiras contra o açúcar e o algodão, ações que também não foram concretizadas. A suposta ofensiva do Brasil no setor agrícola já se tornou motivo de piada dentro da OMC e mesmo entre os diplomatas de outros países. "Afinal, quando é que o Brasil vai enviar os casos contra as barreiras agrícolas?", pergunta um funcionário da OMC. Nem o Itamaraty, nem o Ministério da Agricultura e nem mesmo o presidente parecem ter a resposta para essa pergunta.

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