PUBLICIDADE

Publicidade

Sem o G-7 a economia mundial afunda

Por Alberto Tamer
Atualização:

O G-7 morreu! E viva nós, Brasil, Rússia, China e Índia, os países do Bric, que representam 14,6% do PIB mundial! Sabem, como brasileiros, nos sentimos até envergonhados ao ver o ministro das Relações Exteriores passar o atestado de óbito ao grupo dos países ricos. O G-7 morreu, proclamou ele, dias antes da reunião dos Brics, na Rússia, que deu em nada porque a China também não quer nada. Ao lado de um protesto que fez, altamente válido, de que não podemos continuar sendo apenas convidados para a reunião do G-8 - queremos poder influenciar nas decisões -, veio mais bravata: "O grande foro para as questões financeiras é o G-20, não o G-8." Em tempo: são os sete grandes mais a Rússia que, a propósito, também fazem parte do nosso grupo. SAI O BRIC ENTRA O BRIM Não faltaram ironia e risos. A China entrou e saiu calada, como a perguntar a si mesma: "Afinal, o que estou fazendo aqui com esses pesos leves?" E a ex-primeira-ministra da Nova Zelândia, Jenny Shipley, que integra o conselho do Banco de Construção da China, um dos maiores do mundo, não deixou por menos: "A China deixou os outros três para trás e eles deveriam criar o Brim (Brasil, Rússia, Índia e México." A coluna conversou com Alex Agostini, economista da Austin Rating. Queria mostrar o que pesam mesmo os quatro, não só no PIB, mas, principalmente, no comércio mundial. Eles tem algum peso, alguma força de persuasão? "Há muita o exagero nisso tudo, provocado pelas consequências da recessão nos países desenvolvidos e a maior resistência dos quatro. É dos países do G-7 que, em última análise, depende o crescimento da economia mundial. Eles não só concentram o grosso do sistema financeiro, ao qual dão liquidez, com são também o maior mercado mundial. Por isso, posso dizer que há muita petulância dos Brics em querer orientar o G-7." SÓ SE CRESCE COM ELES Agostini apresenta dados mostrando que sem eles não há crescimento econômico sustentável. Se os sete grandes afundarem, vamos atrás. E isso não só porque eles concentram 52,9% do PIB, mas porque representam 39,2% do comércio mundial. Sim, tudo isso. E os Brics? 12,2% do comércio e 14,6% do PIB. Sim, tudo isso. Não é a toa que não conseguem aprovar nada na OMC. Ah! ia me esquecendo, se excluirmos a China, a participação dos quatro no comércio cai para irrisórios 4,5% e, acreditem, irrisórios 7,3% do PIB! E a China não está nem aí para os outros três. MAS TUDO MUDOU? Sim e não. "Os países do G-7 estão crescendo menos e os outros quatro, mais, porém é preciso analisar os números com mais cuidado. "Primeiro, eles estão recuando, enquanto ou outros estão crescendo, mas a participação dos G-7 no PIB mundial é ainda enorme. Nas décadas de 80 e 90, eles representavam 66% e no ano passado caíram para 60,3%. No mesmo período, a participação dos quatro do Bric passou de 6,5% para 10,5%. Como se vê, há ainda uma distância enorme entre ambos", afirma Agostini. E essa distância só poderia ser superada se a economia dos mais ricos registrasse por muitos anos uma queda brutal e a dos outros quatro, um crescimento alto e sustentado. Mas isso parece pouco viável simplesmente porque a economia dos Brics está estreitamente interligada à dos outros sete. O FMI prevê que, até 2014, a participação dos países do G-7 no PIB mundial deve recuar para 51,5% e a dos países do Bric, aumentar para 17,6%. E isso com otimismo. E A CONCLUSÃO É... Que os Brics tem razão em reclamar, pois são vítimas de decisões sobre as quais não têm nenhum poder, mas precisam encontrar uma estratégia que ultrapasse a eles mesmos e aos seus próprios mercados. Uma delas seria a busca de acordos isolados, não em bloco, pois os interesses dos quatro são conflitantes. *E-mail: at@attglobal.net

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.