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Sem pressão de reajustes, IPCA-15 cai a 0,55%

Beneficiado pelo recuo em educação e transportes, índice, que é uma prévia do indicador oficial de inflação, perde força

Por Jacqueline Farid
Atualização:

O fim das pressões de mensalidades escolares e dos transportes, que marcaram o início do ano, garantiu um Índice de Preços ao Consumidor - 15 (IPCA-15) de 0,55% em março, quase a metade da taxa de fevereiro (0,94%). Os alimentos prosseguiram em alta, mas não impediram a desaceleração do índice, que acumula 2,02% no primeiro trimestre. O IPCA-15 é uma espécie de prévia do IPCA, referência para as metas de inflação do governo. Os dois índices são calculados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e diferem-se apenas no período de coleta. A taxa divulgada ontem veio na média das estimativas de analistas de mercado que, segundo levantamento da Agência Estado, previam 0,55% no mês. A perda de ritmo nos reajustes do grupo Educação, cuja alta passou de 4,55% em fevereiro para 0,55% em março, foi o principal fator responsável pela redução no IPCA-15 de um mês para o outro. Também houve recuo nos preços de combustíveis, que passaram de 1,94% em fevereiro para -0,26% em março. O álcool combustível apresentou queda de 0,97% no mês, ante alta de 8,86% do mês anterior, enquanto a gasolina passou de 1,34% em fevereiro para -0,20% em março. Ainda como contribuição para a redução do IPCA-15, figuram os ônibus urbanos, cuja variação caiu de 3,84% em fevereiro para 1,70% em março. Todas essas desacelerações de preços levaram o grupo dos não alimentícios a uma alta de 0,35% em março, bem inferior à variação de 0,93% em fevereiro. Por outro lado, o grupo dos alimentos prosseguiu em trajetória de aceleração de preços no IPCA-15 de março, com aumento de 1,22%, ante 0,98% em fevereiro, pressionados por produtos como tomate (26,50%), açúcar refinado (10,26%), açúcar cristal (8,06%), hortaliças(7,67%), leite pasteurizado (5,27%) e frutas (3,40%). Os técnicos do IBGE não concedem entrevista sobre esse indicador. A economista-chefe da Icap Brasil, Inês Filipa, considera que a taxa de março "surpreendeu positivamente", já que esperava alta de 0,60%. Ela observou que a pressão sazonal dos alimentos, que refletem os problemas climáticos nessa época do ano, representaram o maior impacto de alta para o IPCA-15 de março e deverão garantir também uma alta de 0,45% no IPCA fechado do mês. Gian Barbosa, analista da Tendências Consultoria, avalia que "a inflação corrente já mostra algum sinal de melhora" e acrescenta que, "não fosse a pressão dos alimentos, o indicador já mostraria um patamar bem mais favorável". A expectativa é que a alta dos produtos alimentícios in natura (hortaliças e legumes) comece a ceder nos próximos meses. / COLABOROU FRANCISCO CARLOS DE ASSIS

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