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Sem reservatórios, setor elétrico defende expansão térmica

O avanço das hidrelétricas sem reservatório de regularização, associado ao maior uso de fontes não contínuas de geração, como as centrais eólicas, aumenta a necessidade do país ampliar seu parque de termelétricas para dar mais segurança ao abastecimento de energia, quando outras fontes não puderem produzir. Essa foi uma das principais conclusões de especialistas que participaram nesta terça-feira dos debates sobre energia em seminário sobre infraestrutura promovido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). "Para garantir o abastecimento, vamos precisar de cada vez mais térmicas", disse o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp. Segundo ele, dos cerca de 20 mil megawatts (MW) novos de hidrelétricas que entrarão em operação entre 2013 e 2018, apenas 200 MW são de usinas com reservatório de regulação. Devido a restrições ambientais, grandes usinas como Madeira e Belo Monte não têm reservatórios de regularização. Como não estocam água --elas são conhecidas como fio d'água-- geram muito menos energia nas épocas de seca, dando menos segurança ao sistema. "Você tem a mesma capacidade de guardar chuva e a carga crescendo, você necessita cada vez mais de térmicas. E quando chega ao final do período seco em que tem perda de altura nos reservatórios, você perde potência", disse Chipp a jornalistas. Com a pouca chuva do verão passado, as termelétricas vêm ajudando a garantir o fornecimento de energia do país, enquanto as hidrelétricas tiveram de reduzir a produção para poupar água nos reservatórios. A energia das térmicas, porém, é mais cara. "É importantíssimo viabilizar térmicas flexíveis", disse o diretor da consultoria PSR, Marco Antônio Oliveira. Chipp defendeu ainda o aumento da participação de térmicas convencionais, a carvão mineral ou gás, na base do sistema no médio prazo, e também que se busque novos reservatórios. Ele voltou a defender leilões por fonte de energia e por região, para dar mais segurança à operação do sistema. Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), concordou que o setor precisa de mais termelétricas. "Se eu opto por usinas fio d’água tenho de diversificar", disse ele. O governo federal reconhece a necessidade de expandir a geração termelétrica. Na véspera, no mesmo evento, o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, disse que o governo decidiu elevar para 250 reais por megawatt-hora o limite do Custo Variável Unitário (CVU) das térmicas que vão participar do leilão A-5 de setembro (ante 100 a 150 reais praticados anteriormente) para viabilizar também a participação de termelétricas mais caras, que usam Gás Natural Liquefeito (GNL), combustível importado que chega ao país em navios.   GÁS NATURAL O presidente da Comgás, Luis Henrique Guimaraes defendeu a criação de um incentivo pelo governo federal para reduzir o preço final do gás natural para a indústria. Segundo ele, se for criado um subsídio de 1 bilhão de reais por ano, o preço do gás para os consumidores pode cair em cerca de 0,10 real por metro cúbico, de 0,71 real para 0,61 real, sem contar os impostos. "Poderia ser via PIS/Cofins, poderia ser através de subsídio do Tesouro", disse. O executivo também defendeu a construção de uma nova rota de gasoduto para levar gás natural da Bacia de Santos para o mercado paulista. "A gente está analisando alternativas que complementem o suprimento que a gente tem da Petrobras", disse, citando que o projeto poderia ser tocado por um terceiro investidor, por um pool de empresas que produzem gás na Bacia de Santos ou pela própria estatal. "Toda a rota de gasodutos hoje vai para o Rio de Janeiro. Só há um gasoduto pequeno que chega em Caraguatatuba (litoral Norte de SP) e sobe a serra", disse, calculando que um empreendimento desse porte teria um custo de aproximado de 6 bilhões de reais.

Por LEONARDO GOY E ANNA FLÁVIA ROCHAS
Atualização:

(Edição de Aluísio Alves)

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