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Sem salários, pedreiros param. Até o trânsito

Assembléia na Marginal Pinheiros reúne 1.100 operários

Por Paulo Justus
Atualização:

A Marginal Pinheiros vai parar novamente na manhã de hoje, durante assembléia dos operários dos edifícios residenciais do Parque Cidade Jardim, na zona oeste de São Paulo. Segundo o Sindicato da Construção Civil de São Paulo (Sintracon-SP), as duas faixas da pista local são a única alternativa para reunir os 1.100 trabalhadores em frente ao canteiro de obras. Os operários devem decidir se continuam a paralisação iniciada ontem, durante a inspeção do Sintracon-SP. O sindicato enviou uma comissão para averiguar as denúncias de atrasos nos salários e a falta de concessões de benefícios como vale-transporte e cestas básicas, em 21 das 85 empreiteiras que trabalham no local. Segundo o sindicato, três empreiteiras estão com até dois meses de salários atrasados. Após a inspeção, os trabalhadores realizaram a assembléia, que fechou a Marginal Pinheiros das 7h30 às 9 horas. "Seria uma parada de apenas uma hora e meia, mas por causa da gravidade dos fatos não houve clima para que o pessoal voltasse ao trabalho", disse o diretor do Sintracon-SP, Moisés Antônio de Oliveira. "Recebemos as denúncias há dois meses, mas tivemos dificuldades em negociar com a construtora Matec, que é responsável pelas contratações", diz Antonio de Sousa Ramalho, presidente do Sintracon-SP. À tarde, representantes da Matec Engenharia e de dez empreiteiras reuniram-se com a direção do Sintracon-SP, na sede do sindicato. Segundo Ramalho, a construtora se comprometeu a corrigir as irregularidades. "A Matec ficou de resolver todos esses problemas em no máximo 21 dias", disse. Em comunicado, a construtora informou que está em dia com as suas obrigações com fornecedores e empreiteiros. Segundo a empresa, a responsabilidade de remuneração dos empregados é dos empreiteiros. No texto, a Matec afirma que vai "intensificar a fiscalização com seus parceiros para se certificar de que essas obrigações sejam cumpridas com esses funcionários". Segundo o Sintracon-SP, a convenção coletiva da categoria repassa a responsabilidade trabalhista para a contratante, no caso de irregularidades nas empreiteiras. "A Matec é responsável, e os empreiteiros todos vão ter de colaborar senão a construtora vai tirá-los da obra", disse Oliveira. Ramalho diz que as empreiteiras não explicaram os motivos dos atrasos salariais. "Ficou um jogo do disse-me-disse, até porque eles estavam junto com o contratante na reunião." O resultado do encontro será apresentado na assembléia de hoje aos trabalhadores. Ramalho acredita que as propostas da construtora devem ser aceitas pelos trabalhadores. "Vamos mostrar flexibilidade, desde que eles se comprometam em cumprir as propostas."

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