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Shoppings ampliam liquidação; roupas, eletrônicos, livros e joias entram em promoção

Inverno ameno, greve dos caminhoneiros e desinteresse por televisores durante a Copa reduziram o fluxo de consumidores e ampliaram os estoques no comércio

Foto do author Márcia De Chiara
Por Márcia De Chiara
Atualização:

As liquidações de inverno deste ano ocorrem com maior quantidade e variedade de mercadorias ofertadas em relação à do ano passado. Apesar de o chamariz de vendas ser itens de vestuário, neste ano as liquidações incluem eletroeletrônicos, eletrodomésticos, livros e até joias.

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Com a greve dos caminhoneiros, que reduziu o fluxo de consumidores nas lojas e diminuiu o ritmo de vendas durante os 11 dias de paralisação, sobraram mais produtos nos estoques do comércio. O resultado desse encalhe foi que na virada do semestre boa parte das lojas já estava em liquidação, na tentativa de tirar o atraso nas vendas ocorrido em maio.

Nos dez shoppings do Grupo Sonae Sierra, como no Plaza Sul, em São Paulo, o desconto máximo oferecido na liquidação de dois dias (4 e 5 de julho) foi de 71%, em alusão à goleada tomada pela Seleção Brasileira na Copa de 2014 Foto: Ernesto Rodrigues/Estadão

"As liquidações deste ano estão ocorrendo na mesma época das do ano passado, seguindo a antecipação que já vem há algum tempo. A diferença é que neste ano há um volume maior de produtos em promoção", afirma Luís Augusto Ildefonso da Silva, diretor de relações institucionais da Associação de Lojistas de Shoppings (Alshop).

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Ele explica que, nos artigos de vestuário a falta de frio e o medo de carregar estoques de roupas de inverno que são mais caras em relação às de verão faz com que as ofertas sejam mais agressivas. Nos eletroeletrônicos, a expectativa era vender muita TV por causa da Copa, mas isso não ocorreu na proporção desejada. Por isso, os descontos nesse segmento são elevados, observa.

Nas redes Livraria Cultura e Fnac, por exemplo, que estão em liquidação este mês inteiro, o desconto nas TVs chega a 50%, segundo informa a empresa. Nem mesmo a disparada do dólar inibiu a decisão do grupo de dar descontos de 20% a 83% no preço dos games, por exemplo, que são fortemente influenciados pelo câmbio por conta dos royalties pagos aos desenvolvedores.

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Descontos. Glauco Humai, presidente da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), diz que, nos shoppings, os descontos, em âmbito nacional, chegam a 70% este ano nas liquidações de inverno.

Nos dez shoppings do Grupo Sonae Sierra, o desconto máximo oferecido na liquidação de dois dias (4 e 5 de julho) foi de 71%, em alusão à goleada tomada pela Seleção Brasileira na Copa de 2014

Laureane Cavalcanti, diretora de marketing do grupo, diz que não tinha programado uma campanha de liquidação nos shoppings. "Mas decidimos agir rápido para gerar aumento das vendas e fluxo de visitantes nos shoppings, para minimizar os impactos do inverno, que ainda não trouxe o frio esperado, da paralisação dos caminhoneiros e das instabilidades do atual cenário econômico", observa.

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No Shopping Metrô Itaquera, 10% das lojas já estão em liquidação. Fabio Quintana, gerente de marketing, diz que planeja uma liquidação conjunta do shopping todo em agosto, depois do Dia dos Pais.

"Cada vez mais os lojistas fazem liquidação por sua conta", diz Silva, da Alshop. As liquidações coordenadas, que eram frequentes quando o mercado vendia muito bem, hoje são mais difíceis de ocorrer por causa da competição mais acirrada entre lojistas e da dificuldade de se chegar a um acordo sobre o nível de descontos. 

"Hoje, se o lojista não fizer liquidação quando o vizinho faz, ele fica com a loja congelada."

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Confiança. A maior agressividade dos lojistas neste ano ocorre por conta do freio nas compras provocado pelo aumento da desconfiança do consumidor. 

"Há um freio na intenção de consumo nos dois últimos meses", diz o assessor econômico da Federação do Comércio do Estado de São Paulo, Guilherme Dietze. Além da falta de frio, que gerou frustração de vendas, "os consumidores estão dando um tempo nas compras", diz o economista, em razão das incertezas que existem em relação à economia e ao cenário político e eleitoral.

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Vendas. Mesmo diante da paralisação provocada pela greve dos caminhoneiros, as vendas nos shopping centers do País tiveram alta nominal de 4,9% em maio, frente ao mesmo mês do ano passado, de acordo com pesquisa da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce).

A alta foi puxada principalmente pelo segmento de lazer e entretenimento, que teve expansão de 26,54%. Depois apareceram os segmentos alimentação (7,73%) e vestuário (3,71%).

Segundo a Abrasce, o crescimento das vendas dos lojistas dos shoppings tem grande relação com o aumento no ritmo de vendas nas semanas que antecederam o Dia das Mães, segunda data mais importante do ano para o comércio varejista. Segundo o levantamento, a receita nominal apurada no período entre os dias 7 a 13 de maio registrou alta de 6,7% na comparação com o mesmo período do ano passado.

O desempenho das vendas nos shoppings em maio só não foi melhor em função do impacto negativo da greve dos caminhoneiros nas últimas semanas do mês, que bloquearam estradas de todo o País, afetando a distribuição de mercadorias e o deslocamento de consumidores. As vendas registraram reduções entre os dias 25 e 28 de maio, com destaque para a forte diminuição de 28% no dia 27 (domingo).

Apesar disso, a Abrasce reiterou sua projeção de crescimento em torno de 5% a 6% nas vendas dos shoppings em 2018 em comparação ao ano passado. /COM CIRCE BONATELLI

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