PUBLICIDADE

Publicidade

Semana terá duelo entre BC e mercado financeiro

Por Agencia Estado
Atualização:

Esta semana será marcada por uma grande queda de braço entre o mercado financeiro e o Banco Central. Na última sexta-feira, o governo anunciou um conjunto de medidas que basicamente encareceu a especulação com o dólar, cuja cotação havia batido a marca dos R$ 4,00 no dia anterior. No entanto, é de interesse dos agentes do mercado financeiro manter a cotação alta, pois na quinta-feira vencem títulos da dívida no valor aproximado de US$ 3,6 bilhões. O Banco Central deixou menos recursos à disposição dos bancos, ao elevar o tamanho da parcela que tem de ser recolhida em caráter compulsório à autoridade monetária. A parcela dos depósitos à vista a ser retida passou de 48% para 53%. Sobre depósitos a prazo, como os Certificados de Depósito Bancário (CDB), o compulsório passou de 18% para 23% e sobre as cadernetas de poupança, de 25% para 30%. Além disso, as instituições financeiras só poderão ter até 30% de seu patrimônio aplicado em operações vinculadas a moeda estrangeira. Até sexta-feira, esse limite era de 60%. O Banco Central ainda elevou de 75% para 100% a exigência de capital próprio para exposição em câmbio. As instituições financeiras terão prazo até quarta-feira, véspera do vencimento dos títulos indexados ao câmbio, para enquadrar-se às novas regras. O anúncio das medidas, na tarde de sexta-feira, provocou queda imediata na cotação do dólar. A moeda norte-americana, que havia sido negociada a R$ 3,98 no dia, terminou cotada a R$ 3,82. No mercado futuro, o dólar estava cotado a R$ 3,78 em novembro, a R$ 3,68 em dezembro e a R$ 3,58 em março. A reação do mercado de câmbio foi recebida com alívio por integrantes da equipe econômica. Assessores do Palácio do Planalto revelaram que as medidas do BC foram uma segunda cartada. Elas só seriam adotadas caso a entrevista do presidente do Banco Central, Armínio Fraga, não surtisse o efeito de acalmar o mercado. O governo relutou em adotar medidas como a elevação dos compulsórios por causa de seu efeito sobre a atividade econômica. O conjunto anunciado pelo Banco Central retira cerca de R$ 14,2 bilhões de recursos em circulação na economia e encarece o crédito. Isso, por sua vez, inibe o investimento e a demanda por bens de consumo duráveis, que são as principais molas do crescimento econômico. As projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano não ultrapassam 1,5%. Por outro lado, argumentaram alguns técnicos, o efeito da alta do dólar sobre a inflação também tem efeitos danosos sobre a economia. Além disso, os investimentos já estão parados dadas as incertezas no cenário econômico. Por isso, o efeito da elevação do compulsório não acrescentaria piora significativa ao cenário, que já é ruim. Caso as medidas anunciadas pelo Banco Central não surtam efeito, o próximo passo será a elevação das taxas de juros, segundo especulam analistas de mercado. O Comitê de Política Monetária (Copom), responsável pela fixação da taxa Selic, se reúne nos próximos dias 22 e 23.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.