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Semente transgênica de milho corresponde a 40% das vendas

Expansão acontece porque híbrido permite reduzir uso de defensivos e gera ganhos de até 15% na produtividade

Por Fabiola Gomes e da Agência Estado
Atualização:

As vendas de sementes geneticamente modificadas de milho para a safra de verão 2009/10 correspondem a 40% do volume total comercializado até setembro deste ano. O dado foi divulgado nesta quinta-feira, 22, pela Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem), durante lançamento da campanha Plante Refúgio, em São Paulo. No segmento de alta tecnologia, que investe em híbridos mais produtivos, a expectativa é que o uso de sementes transgênicas represente 65% da área plantada.

 

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O número divulgado mostra o rápido crescimento dos transgênicos na agricultura brasileira. Na safra de verão 2008/09, quando a tecnologia foi utilizada pela primeira vez em lavouras de milho do País, as sementes transgênicas representaram 5%. Na safra de inverno (safrinha) 2009 o índice de utilização chegou a 12%. O superintendente executivo da Abrasem, José Américo Pierre Rodrigues, explica que o uso só não foi maior porque a oferta do insumo estava limitada no período.

 

"Apesar da estimativa de queda de 25% na área plantada com milho na safra de verão (2009/10), o uso das sementes transgênicas continua crescendo", observa o secretário executivo da Associação Paulista dos Produtores de Sementes e Mudas, Cássio Camargo. Segundo ele, a expansão acontece porque a semente transgênica permite reduzir o uso de defensivos e gera ganhos de 10% a 15% na produtividade. No cultivo convencional, o número de aplicações de inseticidas - para combate a pragas como a lagarta do cartucho - varia de três a cinco vezes. Com o híbrido geneticamente modificado, o produtor monitora as lavouras e, quando necessário, realiza uma aplicação, segundo os especialistas do setor.

 

A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou, até o momento, cinco sementes transgênicas Bt, resistentes a insetos considerados pragas nas lavouras de milho. Deste total, três já são utilizadas pelas companhias para a produção dos cerca de 60 híbridos que são vendidos atualmente no mercado nacional.

 

Responsável pelas áreas de Regulamentação e Relações Governamentais da Pioneer, Goran Kuhar, explica que as aprovações da comissão são individuais e não em bloco. "A demora existe em todos os países e não só no Brasil. Isso é importante para que a tecnologia seja testada e assimilada. O processo se adiantou nos últimos dois anos", afirma, mas ressalva que o Brasil ainda tem uma defasagem de 10 anos em relação aos Estados Unidos e Argentina, pioneiros no uso da tecnologia. Segundo o executivo, a expectativa é que a partir de agora as tecnologias também sejam desenvolvidas no Brasil e exportadas para outros países.

 

Campanha

 

A Abrasem e as multinacionais Dow AgroSciences, Monsanto, Pioneer e Syngenta lançaram nesta quinta-feira a campanha Plante Refúgio, para estimular os produtores a destinar uma área de 10% do total cultivado com sementes transgênicas para o plantio convencional. Segundo os especialistas, ao reservar uma parte da área para o plantio convencional, é possível diminuir a "pressão de seleção", processo no qual as populações de insetos se tornam mais resistentes a práticas de controles, o que diminuiria o efeito da semente transgênica.

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O gerente de Segurança e Produtos da Monsanto, Luciano Fonseca, explica que o grupo de trabalho coordenado pela Abrasem deu início aos estudos sobre o assunto antes mesmo das aprovações comerciais no País. "Já tínhamos a experiências dos sistemas de manejo utilizados nos Estados Unidos e na Argentina, que mantêm áreas de refúgio tanto para o milho como para outras culturas", afirma.

 

O gerente da Monsanto explica que se trata de uma recomendação das companhias, já que a legislação brasileira não obriga a manutenção de áreas de refúgio. "Não é fácil o produtor assimilar esta informação. No Brasil, o desafio é convencer a adoção deste manejo, mas é importante adotar o refúgio. É nossa recomendação para preservar a tecnologia (BT)", afirma Fonseca.

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