PUBLICIDADE

Publicidade

Senado brasileiro adia sabatina de diplomata boliviano

Adiamento é um protesto contra nacionalização do gás natural e do petróleo promovida pelo governo boliviano

Por Agencia Estado
Atualização:

Em protesto contra a nacionalização do gás natural e do petróleo promovida pelo governo boliviano, a Comissão de Relações Exteriores do Senado decidiu adiar por tempo indeterminado a sabatina do diplomata Frederico Cezar de Araújo, indicado para o posto de embaixador do Brasil em La Paz. "Vamos interromper tudo e dar espaço aos depoimentos", disse o presidente da comissão, senador Roberto Saturnino (PT-RJ), ao anunciar que, antes da sabatina, deverão ser ouvidos o embaixador da Bolívia no Brasil, Edgar Camacho, o presidente da Petrobrás, José Sergio Gabrielli, e o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau. No Congresso, foi muito criticada pela oposição a atitude do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no encontro desta quinta-feira com os presidentes Evo Morales (Bolívia), Hugo Chávez (Venezuela) e Néstor Kirchner (Argentina). "A reunião é uma demonstração clara de perda de liderança. Se o presidente Lula fosse líder se reuniria com Evo Morales e teria resolvido a questão. Ele chamou outros interlocutores", disse o líder do PFL no Senado, José Agripino Maia (RN). O deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA), líder da Minoria na Câmara, também atacou o tom conciliatório adotado por Lula ao final da reunião: "Houve um recuo perigoso. O líder do movimento populista, Hugo Chavez, deve ter pressionado seu liderado para recuar. Foi uma conversa de amigos e assuntos de diplomacia não podem ser tratados nesse nível." O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), relator da mensagem presidencial de indicação de Frederico Cezar, adotou o mesmo tom. "Eu vi o presidente Lula se solidarizando com o presidente Morales, mostrando que ele é inadequado para dirigir o país", afirmou. "O presidente dá ao Paraguai precedentes de fazer a mesma coisa com Itaipu. Aí, o Brasil vai ver o que é uma crise energética e econômica de verdade." Antes de pedir a suspensão da sabatina, Arthur Virgílio conversou com o embaixador Frederico Cezar. "É preciso dar um sinal ao governo boliviano", disse o senador. "Eu deixei claro a ele que não será uma sabatina simples, mas repleta de perguntas e respostas densas, pois o interesse nacional foi atingido." Enquanto o nome de Frederico Cezar não é aprovado no Senado, as negociações, segundo Virgílio, continuam sendo conduzidas pelo atual embaixador em La Paz, Antonino Gonçalves. A Comissão de Relações Exteriores aprovou também convites ao embaixador José Eduardo Martins Felício, subsecretário-geral do Itamaraty para a América do Sul, e ao empresário Eike Batista, presidente da siderurgia EBX. O pedido foi feito pelo senador Romeu Tuma (PFL-SP) que pede o comparecimento deles para falar sobre o veto do governo boliviano à implantação de um empreendimento do empresário naquele país. Os governistas saíram em defesa do presidente Lula. "O comportamento do presidente Lula é o de um chefe de Estado que tem posição estratégica das relações latino-americanos. É um posicionamento devido dos que entendem que é fundamental manter respeito, soberania e negociações. Principalmente manter as relações cordiais entre os países latino-americanos", afirmou a líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (PT-SC). O senador Tião Viana (PT-AC) disse que a mudança de posição do presidente não pode ser entendida como um recuo. "Se ele fez uma revisão da relação com a Bolívia após um diálogo e uma troca de responsabilidades com Evo Morales e entendeu que o Brasil tem condições de superar esse episódio sem perdas para a Petrobras, isso justifica a afirmação de que a Petrobras poderá investir naquele país e renegociar o aumento de impostos", rebateu.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.