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Antes de sabatina de Campos Neto, senadores criticam juros altos e concentração bancária

Indicado do Planalto para comandar o Banco Central será sabatinado no dia 26; nesta terça-feira, o senador Eduardo Braga (MDB-AM) fez a leitura de seu relatório sobre a indicação, na Comissão de Assuntos Econômicos

Por Fabrício de Castro
Atualização:

BRASÍLIA - O Senado iniciou nesta terça-feira, 19, os trâmites para a sabatina do economista Roberto Campos Neto, indicado do Planalto para ocupar a presidência do Banco Central (BC).

Após a leitura do relatório sobre a indicação, feita pelo senador Eduardo Braga (MDB-AM), na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), senadores criticaram os juros altos e a concentração bancária no Brasil. As críticas dão pistas sobre o tom da sabatina que será enfrentada por Campos Neto, no dia 26, para aprovação de seu nome na Casa.

Roberto Campos Neto será sabatinado no Senado no dia 26 de fevereiro Foto: Marcos Correa/PR

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"A sabatina será a oportunidade para que senadores discutam algumas questões que impactam o cotidiano do povo, dos trabalhadores, dos empreendedores e investidores", disse Braga. "O Brasil tem hoje uma taxa Selic que é referência para captação do funding bancário. O que não se consegue entender é como a Selic é de 6,5% ao ano e, para o consumidor, a taxa varia de 35% a 250% ao ano. Será que não é falta de concorrência?", questionou.

O presidente da CAE, senador Omar Aziz (PSD-AM), acrescentou, em referência ao spread bancário: "O Brasil só perde para Madagascar em termos do que se deposita e do que vai pegar em empréstimo".

O senador Rogério Carvalho (TP-SE) defendeu que a CAE terá "oportunidade ímpar de abrir o debate sobre a reforma do sistema bancário brasileiro". "Não é possível pessoas físicas pagarem 300% de cheque especial", pontuou. "É impossível tocar a economia com cinco grandes bancos concentrando 86% do mercado brasileiro."

Carvalho afirmou ainda que apresentou hoje um requerimento de audiência pública para iniciar um debate sobre a reforma do sistema financeiro, "para que possamos de fato colocar o sistema financeiro a serviço do Brasil".

A trajetória de Campos Neto

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Braga afirmou que na segunda-feira teve reunião de uma hora e meia com Campos Neto. Em seu relatório, já disponível no sistema da CAE, o senador fez um resumo da trajetória do economista. Ele lembrou que Campos Neto, nascido em 1969, graduou-se em economia em 1993 e concluiu mestrado em 1995 - em ambos os casos, na Universidade da Califórnia. 

Além disso, o indicado por Jair Bolsonaro fez em 2017 o Programa Executivo em Liderança, oferecido pela US Military Academy at West Point, em Nova York, e o Programa Executivo em Inovação Tecnológica da Singularity University, da Califórnia.

No sistema financeiro, Campos Neto trabalhou no Bozano Simonsen como operador de derivativos de juros e câmbio, de dívida externa, de bolsa de valores e como executivo de renda fixa internacional, no período de 1996 a 1999. No Santander Brasil, o economista atuou como chefe de Renda Fixa Internacional entre 2000 e 2003 e como chefe de Trading de 2006 a 2010.

Entre 2010 e 2018, foi responsável pela Tesouraria Global para as Américas do Santander, foi membro do Conselho do Santander Investment nos EUA e membro do Conselho Executivo do banco de investimentos no Brasil e no mundo.

Campos Neto também foi gerente de carteiras da Claritas Investimentos de 2004 a 2006, membro externo do Comitê de Produtos e de Precificação da B3 no período 2017 a 2018 e, finalmente, membro do Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial, em 2018.

Demais indicações 

Ainda na sessão da manhã desta terça-feira da CAE, são lidos os relatórios a respeito das indicações de Bruno Serra Fernandes, indicado para a Diretoria de Política Monetária do BC, e de João Manoel Pinho de Melo, indicado para a Diretoria de Organização do Sistema Financeiro. 

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Haverá ainda leitura de relatório sobre indicação de Flávia Martins Sant'Anna Perlingeiro para o cargo de diretora da Comissão de Valores Imobiliários (CVM).

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