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Senador de Mato Grosso defende que Pacheco prorrogue MP das ferrovias

Medida que abre o setor para o investimento privado perderá a validade na sexta-feira se não for renovada; membro da Comissão de Infraestrutura do Senado, Carlos Fávaro pediu que seja retirado da pauta um decreto que suspende os efeitos da MP

Foto do author André Borges
Foto do author Amanda Pupo
Por André Borges e Amanda Pupo (Broadcast)
Atualização:

BRASÍLIA - O senador Carlos Fávaro (PSD-MT), membro da Comissão de Infraestrutura do Senado e vice-líder de seu partido, defende que a medida provisória que abre o setor de ferrovias para o investimento privado seja renovada pela Casa por mais 60 dias. A decisão, porém, depende de seu novo colega de legenda, o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco, que na quarta-feira, 27, oficializa sua chegada ao PSD

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Na próxima sexta-feira, 29, vence o prazo de validade de 60 dias da MP 1.065, editada pelo Ministério da Infraestrutura. Em 50 dias, o governo recebeu 21 projetos de novos trechos de ferrovias apresentados pela iniciativa privada, os quais somam mais de R$ 83,7 bilhões em investimentos e acrescentariam 5.640 quilômetros de trilhos na malha federal. Rodrigo Pacheco, no entanto, não deu sinais de que vá renovar a medida.

Nesta terça-feira, 26, Carlos Fávaro pediu que seja retirada da pauta do plenário do Senado a votação de um projeto de decreto legislativo que suspende os efeitos da MP. No alvo desse projeto estão as regulamentações feitas por uma portaria do Minfra que regulamentou a aplicação da MP 1.065. “Não tem condições de um tema desses ir direto a plenário, não dá. Temos que debater na Comissão da Infraestrutura”, disse Fávaro ao Estadão.

Carlos Fávaro quer que Rodrigo Pacheco, seu novo colega de legenda, renove a validade da MP editada pelo governo. Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado - 2/3/2021

O projeto de decreto legislativo que tenta suspender os efeitos da MP foi apresentado pelo relator do novo marco legal das ferrovias na Casa, o senador Jean Paul Prates (PT-RN). No fim do dia, após negociações, a sua votação acabou sendo suspensa e não foi a planário.

Parte dos senadores ficou incomodada com o fato de o governo ter editado uma medida provisória sobre o assunto em agosto, quando já havia um projeto de lei sobre o novo marco legal das ferrovias correndo na Casa e que foi aprovado no Senado no início deste mês.

Ocorre que tanto esse projeto de lei (261) quanto a MP das ferrovias (1.065) dependem de um ato de Rodrigo Pacheco para tramitarem no Congresso, mas ambos estão parados com o presidente da Casa.

Por trás do imbróglio está uma disputa bilionária entre empresas que atuam no setor e novos investidores. A Rumo Logística já acionou a Justiça e acusa o governo de estabelecer regras que privilegiam quem primeiro apresentar seus trechos de interesse. O governo nega que isso ocorra e diz que as regras dão direitos iguais a quem quiser realizar um projeto, inclusive construindo duas malhas no mesmo local. Na prática, porém, trata-se de uma possibilidade difícil de ocorrer.

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Enquanto questiona as regras de abertura do mercado promovidas pelo governo federal, a Rumo tratou de apresentar uma proposta de construir uma nova ferrovia em Mato Grosso, por meio de uma autorização que o governo daquele Estado passou a emitir.

“O que devemos fazer é garantir a livre iniciativa e a concorrência. Fizemos tudo para a Rumo ter êxito em sua proposta no Mato Grosso. Então, a partir desse momento, o que defendo como senador é a livre concorrência, é assim que vou me posicionar”, afirmou Carlos Fávaro (PSD-MT). “É preciso analisar detalhadamente o que prevê a MP e o que deve ser incluído ou não no projeto de lei. Por isso, o mais prudente é que a MP seja renovada.”

A reportagem tem procurado, insistentemente, o senador Rodrigo Pacheco para tratar do assunto. O presidente do Senado, porém, não deu nenhum retorno sobre o tema e tem evitado discutir a questão com o Ministério da Infraestrutura

Nos bastidores, a informação é que Pacheco, cuja família tem negócios ligados ao transporte de passageiros por redes de ônibus, ficou incomodado com as ações do governo e da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), voltadas à abertura de novos trechos e empresas para atuarem no setor.

Associação

Os pedidos de prorrogação ganharam reforço da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviário (ANTF) nesta terça. O diretor executivo da associação, Fernando Simões Paes, enviou carta a Rodrigo Pacheco, para pedir a renovação de prazo para apreciar o assunto.

“Em linha com o praticado nos principais polos ferroviários internacionais, o presente marco legal prevê liberdade de mercado à indústria ferroviária, flexibilizando negócios e tornando-os mais previsíveis”, afirma a carta, cujo teor é o mesmo de outras assinadas por parlamentares, instituições e empresas do setor. 

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“Além disso, a norma reduz o intervencionismo estatal, facilitando sobremaneira o encontro da demanda por infraestrutura ferroviária da ‘porteira para fora’ da indústria agropecuária e de mineração, com oferta de infraestrutura por novas entidades prestadoras de serviços logísticos e de mobilidade e pelas próprias concessionárias ferroviárias, que terão mais instrumentos para investir em suas malhas", declara a ANTF.

“Diante do exposto, solicitamos a Vossa Excelência que profira despacho prorrogando a vigência da Medida Provisória n° 1.065/2021 por mais 60 (sessenta) dias. Temos a convicção de que o espírito público e a defesa dos interesses do país que sempre nortearam vossa atuação como Presidente do Congresso Nacional, mais uma vez serão decisivas para sustentar o novo marco regulatório do setor ferroviário com a continuidade das discussões no Parlamento e junto à sociedade.”

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