O senador Paulo Octávio (PFL-DF) defendeu a regionalização da avicultura a exemplo do que ocorre com a pecuária de corte, onde o País é dividido em regiões que têm status sanitários diferenciados. "A regionalização favorece o isolamento do local afetado e a erradicação de um eventual problema sanitário", disse o senador. A regionalização também é defendida pela União Brasileira de Avicultura (UBA) e seria na prática a divisão do País em áreas que funcionariam quase como se fossem países independentes. A UBA defende que fronteiras sanitárias bem definidas possibilitariam a adoção de normas rígidas para o deslocamento de aves e produtos avícolas. Com a regionalização, um possível foco poderia ser isolado e o abastecimento interno do País e as exportações não seriam prejudicados, considera a UBA. Em discurso no 19º Congresso Brasileiro de Avicultura, que é organizado pela UBA, o senador Paulo Octávio lembrou que as barreiras comerciais modernas são sanitárias e não mais tarifárias. Ele observou que o setor avícola nacional gerou 180 mil novos postos de trabalho em 2004. A produção de carne de frango somou 8,5 milhões de toneladas no ano passado, representando crescimento de 8,3% sobre o ano anterior. As exportações somaram 2,5 milhões de toneladas, o que proporcionou receita cambial de US$ 2,5 bilhões, com elevação de 26% sobre 2003. Entre janeiro e agosto deste ano, os embarques de carne de frango, assinalou o senador, somaram 2 milhões de t, com aumento de 17% em relação ao mesmo período de 2004. O consumo no mercado interno cresceu 5% em 2004. "A avicultura vai muito bem, apesar da crise política", disse o senador. Ele acrescentou que a taxa de crescimento do consumo interno só não é maior porque a carga tributária é muito elevada. "O consumo interno só aumentaria de forma expressiva se houvesse uma redução no preço do frango, sem prejuízo aos produtores, o que só seria possível com a redução da carga tributária". De acordo com a UBA, os produtos avícolas são "pesadamente tributados". Estudos feitos pela entidade mostram que o mercado interno consumiria pelo menos 30% mais frango se houvesse a desoneração tributária do produto. Paulo Octávio ressaltou, ainda, os números do agronegócio, que em 2004 foi responsável por 33% do PIB e 37% dos empregos gerados no País. "Precisamos investir no agronegócio", discursou. Ele disse também que a abertura do mercado asiático ao frango brasileiro em decorrência dos registros de influenza aviária no plantel daqueles países "pavimentou uma estrada de oportunidades para o Brasil". Em seu discurso, ele aproveitou, ainda, para falar da situação política do País. Segundo o senador, "qualquer denúncia será investigada e qualquer tentativa de manobra será rechaçada". De acordo com ele, as investigações feitas pelos parlamentares não paralisaram os trabalhos do legislativo. "O parlamento não tem deixado de legislar", concluiu.