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Senador democrata se opõe a nome indicado por Biden para o Fed e dificulta nomeação

Voto do senador é importante porque os democratas têm apenas 50 dos 100 assentos no Senado; decisão pode dificultar a nomeação de Sarah Bloom Raskin para o cargo de supervisão e regulação de bancos

Por André Marinho e Gabriel Bueno da Costa
Atualização:

O senador democrata Joe Manchin anunciou, nesta segunda-feira, 14, oposição à indicação da advogada Sarah Bloom Raskin ao conselho do Federal Reserve (Fed, o banco central americano). Raskin foi indicada ao cargo pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, mas a nomeação ainda requer aprovação do Senado.

Sarah Bloom Raskin foi nomeada por Biden para o posto de vice-diretora de Supervisão do Fed em janeiro, mas a sua nomeação depende do aval do Senado, onde enfrenta resistência. O cargo é um dos mais importantes da autoridade monetária, pois é responsável por supervisionar e regular a atuação de bancos.

Senador democrata Joe Manchin é contrário à indicação da advogada Sarah Bloom Raskin ao conselho do Fed, o banco central norte-americano Foto: Brendan Smialowski / AFP

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Em comunicado, Manchin justificou a decisão com preocupações sobre o compromisso dela em relação ao setor de energia. No início da pandemia, Raskin publicou um artigo no jornal The New York Times em que defendia que o Fed deveria considerar a exclusão de empresas ligadas à produção de combustíveis fósseis dos programas de ajuda emergencial da autoridade monetária.

Para Manchin, as declarações contrariam a necessidade de criar uma política energética que atenda questões críticas para todo o país. "O Federal Reserve Board não é uma instituição que deve politizar suas decisões críticas", afirmou. "Neste momento histórico para os EUA e o mundo em geral, é imperativo que o Federal Reserve Board preserve sua independência e fique longe de qualquer indício de partidarismo", acrescentou.

O senador argumentou que o Fed deve permanecer focado no combate à inflação e definir como prioritários os termos estabelecidos em seu mandato. "Não apoiarei nenhum candidato futuro que não respeite essas prioridades críticas", destacou.

A oposição de Manchin acende dúvidas sobre a viabilidade da indicação de Raskin, que precisa ser referendada por uma maioria simples. Como os democratas dispõem de apenas 50 senadores de um total de 100, incluindo o voto de minerva da vice-presidente, Kamala Harris, a nomeada precisará do apoio de republicanos para ser indicada.

Casa Branca defende nomeação

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Após o posicionamento do senador democrata, a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki afirmou que o governo Biden continuará a buscar apoio bipartidário no Senado, a fim de confirmar o nome de Sarah Bloom Raskin. 

Psaki disse que Raskin é uma das pessoas mais qualificadas já indicadas para o posto e que o governo mantém seu apoio a ela. Segundo a porta-voz, o governo americano já estava ciente de que Manchin se opunha ao nome, mesmo antes de o senador se pronunciar publicamente sobre o assunto.

Além de Raskin, Biden nomeou ao Fed Lisa Cook e Philip Jefferson. Também renomeou Jerome Powell a um segundo mandato como presidente da instituição e indicou Lael Brainard para a vice-presidência.

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