23 de março de 2012 | 03h04
Luiz Roberto Cunha
O resultado do IPCA-15 de março, que ficou abaixo do piso das projeções do mercado, deve-se a uma forte surpresa no grupo dos serviços que ficou em 0,51% (ante 1,04% no IPCA de janeiro e 0,62% no IPCA de fevereiro - "desinflado" das mensalidades escolares), e veio com quase todos os itens abaixo do esperado.
É claro que uma variação de 0,51% nos serviços ainda representa uma variação elevada, mas, junto com os bons resultados dos núcleos, cuja média passou de 0,53% para 0,32%, esse resultado deve estar sendo comemorado pelo BC.
O que podemos dizer desses resultados, até porque outros institutos de pesquisa não apresentaram em suas coletas uma desaceleração tão intensa dos serviços?
De um lado, algumas vezes o IPCA-15 tem trazido surpresas, que não necessariamente se confirmam no fechamento do mês, mas, como nesse caso foram muitos os itens que desaceleraram, cabe especular se não podemos estar começando a ter um certo "desgaste" dos elevadíssimos valores absolutos de determinados serviços no Brasil.
Os preços dos aluguéis, bares e restaurantes, manicures, cabeleireiros e consertos em geral apresentam níveis tão elevados que, embora não se trate de redução de preços, os aumentos recorrentes podem estar menos intensos e aumentos de custo sendo absorvidos pelas margens.
Além disso, não há dúvida que existe uma enorme concorrência nesses serviços, e o consumidor pode estar fazendo valer sua capacidade de escolha. No caso dos aluguéis, a forte desaceleração dos IGPs também pode estar ajudando.
Mas, de qualquer forma, ainda é cedo para comemorar. Vamos esperar os próximos resultados, para verificar se de fato é uma tendência ou um ponto fora da curva.
Aliás, para o IPCA de março, com a alta da alimentação no domicílio, devemos ter um IPCA entre 0,35% e 0,40%.
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