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Serasa: procura por crédito subiu 3,5% em julho

Por Anne Warth
Atualização:

Pela primeira vez no ano, a demanda dos consumidores por crédito superou o nível registrado em um mesmo mês de 2008, informou hoje a Serasa Experian, empresa especializada em análise de crédito. Em julho, a procura de pessoas físicas por empréstimos, financiamentos, crediários e compras por cartão de crédito foi 3,5% maior que a demanda verificada no mesmo mês do ano passado, quando a crise financeira internacional ainda não havia atingido a economia brasileira.Na comparação com junho, a demanda por crédito também subiu 3,5%. Esse foi o quinto mês consecutivo de crescimento nessa base de comparação. De janeiro a julho, de acordo com a Serasa Experian, a procura do consumidor por crédito ainda acumula queda (-5,3%) em relação ao mesmo período de 2008. "Já vínhamos observando uma retomada do crédito desde abril, mas os resultados de julho foram muito animadores. O fantasma do desemprego está perdendo força com a recuperação da atividade econômica", afirmou o gerente de indicadores da Serasa Experian, Luiz Rabi.Se for mantido o ritmo de recuperação verificado nos últimos meses, de 3% a 3,5% ao mês, a Serasa Experian prevê que a busca por crédito deve encerrar o ano com uma variação positiva entre zero e 5% em relação a 2008. "Acredito que, com essa velocidade de retomada, a demanda por crédito deve ficar mais próxima de 5% do que de zero", afirmou Rabi.De acordo com o executivo, essa tendência de aumento da busca por crédito deve se manter ao longo do segundo semestre do ano por duas razões. A primeira é a diminuição da Selic (a taxa básica de juros), hoje em 8,75% ao ano. Em julho do ano passado, a Selic estava em 13% ao ano e, de setembro a dezembro, permaneceu em 13,75% ao ano. A segunda razão é o aumento da confiança do consumidor na economia, que começou a ser observado em março deste ano. "Os efeitos da redução da Selic ainda não foram totalmente percebidos na economia", acrescentou.Segundo Rabi, a oferta de crédito pelo sistema financeiro, ao menos para pessoas físicas, já está voltando aos níveis pré-crise, com prazos maiores e taxas e spreads (diferença entre o custo de captação e o que é cobrado do consumidor) mais baixos. Ele destacou que o último trimestre de 2008 teve um resultado muito ruim, o que enfraquece a base de comparação. Além disso, os dados de inadimplência da pessoa física, medidos pela empresa e pelo Banco Central, indicam que "o pior ficou para trás".O aumento da procura por crédito em julho ocorreu em todas as regiões do País. Na Região Norte, houve crescimento de 11,9% na comparação com junho; na Sul, de 3,9%; no Sudeste, de 3,2%; no Nordeste, de 2,6%; e no Centro-Oeste, de 1,3%.Na classificação por renda, a procura por crédito aumentou principalmente entre as pessoas com rendimento mensal intermediário. Em relação a junho, houve crescimento de 8,1% entre as pessoas com renda entre R$ 1 mil e R$ 2 mil; de 2,1% entre as pessoas com renda entre R$ 500 e R$ 1 mil; e de 0,9% entre as pessoas com renda entre 2 mil e R$ 5 mil. A demanda caiu 6,6% entre as pessoas com renda até R$ 500, diminuiu 6,4% entre as pessoas com renda entre R$ 5 mil e R$ 10 mil e recuou 6,7% entre as pessoas com renda acima de R$ 10 mil.Segundo Rabi, a demanda por crédito deve encerrar o ano no terreno positivo para todas as regiões, exceto o Nordeste, e para todas classes de renda, menos a classe mais baixa, com renda até R$ 500 ao mês. "A classe mais baixa foi a mais atingida em termos de confiança porque o temor de perder o emprego é maior entre eles. Com a crise, eles põem o pé no freio mesmo, e a recuperação do crédito tem sido mais lenta que nas demais faixas de renda. E o Nordeste é a região que concentra as camadas de renda mais baixas da população", explicou.A pesquisa é feita mensalmente a partir de uma amostra de 11,5 milhões de CPFs da base de dados da Serasa Experian.

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