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Serra não descarta leilão para a venda da Nossa Caixa

Para o governador, tudo depende das propostas do Banco do Brasil

Por Elizabeth Lopes
Atualização:

O governador de São Paulo, José Serra, não descarta totalmente a hipótese de realizar um leilão para a venda da Nossa Caixa. Questionado se o assunto estaria fora de discussão, ele ponderou: "Depende das propostas que vamos receber (do Banco do Brasil). Aí, avalia-se (o leilão)". Desde o anúncio da negociação com o Banco do Brasil, na quarta-feira à noite, a polêmica tem sido constante, sobretudo pela pressão de instituições financeiras privadas para a realização de um leilão. O governador de São Paulo disse que sua administração só vai tomar conhecimento da proposta de compra da Nossa Caixa quando o Banco do Brasil terminar o processo de avaliação. "Depois disso é que vamos analisar se o preço é bom ou se não é. E tomaremos nossa decisão." Com o objetivo de reduzir a polêmica sobre o assunto, Serra ponderou: "Apenas se deflagrou um processo. Um processo que está no começo do começo. E não se pode dar de barato que a Nossa Caixa vai ser vendida. Depende da proposta (do Banco do Brasil)". As declarações do governador de São Paulo foram dadas no início da tarde de ontem, após cerimônia de transferência do Centro Esportivo e Recreativo do Trabalhador (Ceret) para a Prefeitura de São Paulo. Em razão da pressão dos repórteres para maiores informações sobre as negociações do governo paulista para a venda da Nossa Caixa, Serra reclamou: "Será que agora, daqui até o fim dos tempos, vocês só vão me perguntar disso?" DEMISSÕES O deputado estadual Davi Zaia (PPS), presidente da Federação dos Bancários do Estado de São Paulo e Mato Grosso do Sul, informou ao Estado que as duas federações de bancários do Estado de São Paulo decidiram, em reunião realizada ontem, não criar obstáculos à incorporação da Nossa Caixa pelo Banco do Brasil. Segundo ele, foi criada uma comissão de representantes dos trabalhadores para acompanhar as várias fases do processo de aquisição da Nossa Caixa pelo BB. "Poderemos apoiar a transação, desde que sejam garantidos os empregos e os direitos dos 15 mil funcionários da Nossa Caixa e também dos aposentados", comentou. Para Zaia, se a Nossa Caixa for eventualmente vendida em leilão para um banco privado, é bem provável que o nível de demitidos seja muito alto. "Acredito que podem ser dispensados cerca de 50% dos 15 mil trabalhadores, ou seja, perto de 7.500 pessoas. Isso ocorreria porque os bancos privados têm uma rede de agência no Estado muito maior do que a soma do Banco do Brasil e Nossa Caixa", comentou. "No caso do BB, não devem ocorrer cortes, pois a instituição está interessada em expandir as atividades em São Paulo, como nos afirmou o presidente do BB, Antônio Francisco de Lima Neto na sexta-feira." Para o deputado, há hoje "uma enorme pressão de concentração do sistema bancário" no País, sobretudo pelo setor privado, o que faz com que os bancários se manifestem a priori favoráveis à incorporação da Nossa Caixa pelo BB. "Esse é o caminho mais correto para defender o interesse dos funcionários e fazer com que o Estado de São Paulo mantenha um banco público. Com a compra da Nossa Caixa, o BB terá mais força para concorrer com as instituições privadas." Zaia disse ter conversado o secretário da Casa Civil do Estado, Aloysio Nunes Ferreira, a quem solicitou uma audiência com a cúpula do governo, o que, segundo ele, pode resultar numa reunião com o secretário da Fazenda, Mauro Ricardo Costa. Ele disse que se encontrou na semana passada com o presidente do Banco do Brasil e pretende realizar em breve novas reuniões com a direção do BB. "Nosso objetivo é manter um contato permanente com as instituições que estão atuando diretamente no processo." COLABOROU RICARDO LEOPOLDO

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